itt Nutrifor e Núcleo Vitro avançam em pesquisa de carne cultivada
Crédito das fotos: Ambi Realfood/ Kamila Santos
Instituto e startup trabalham na divulgação da temática da carne cultivada e no desenvolvimento da tecnologia
Você sabia que é possível consumir carne minimizando impactos ambientais e sofrimento animal? Atentos às oportunidades do mercado, o itt Nutrifor em parceria com a Núcleo Vitro está desenvolvendo tecnologia para carne cultivada. O projeto "Produção de carne cultivada brasileira" tem o aporte da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul por meio do edital Techfuturo.
A produção de carne cultivada vem ganhando força em resposta ao perfil de consumo mais sustentável. A partir de células bovinas isoladas, a tecnologia utiliza atributos para fazê-las crescer em um ambiente controlado, de forma que se multipliquem. Depois, as células são levadas para biorreatores para acelerar a reprodução. O produto pode ser utilizado para produzir alimentos não estruturados, como hambúrgueres, embutidos e almôndegas ou estruturados, como filés e bifes.
A carne cultivada ainda não está amplamente disponível, mas já obteve as primeiras aprovações nos EUA e em Singapura. Já aqui no Brasil, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ainda não há legislação sobre o tema, porém o Plano Nacional de Proteínas Alternativas (PNPA) está em processo de criação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Segundo dados da ONG The Good Food Institute (GFI), desde 2016, o agronegócio mundial já investiu US$ 1,9 bilhão no desenvolvimento da tecnologia.
Com o objetivo de difundir o conhecimento sobre a carne cultivada, o itt Nutrifor está organizando uma série de eventos para promover um diálogo com o público em geral e com a comunidade acadêmica sobre os principais desafios desta ciência. Uma atividade já aconteceu no início de junho e, para esse projeto, estão previstas mais duas que irão ocorrer até o final de 2024. Nos encontros, são abordadas as perspectivas do mercado mundial e nacional, as tecnologias necessárias para a produção e as questões regulatórias.
De acordo com a diretora científica da Núcleo Vitro, Bibiana Matte, é preciso acelerar o desenvolvimento da tecnologia para que os custos sejam compatíveis, já que a demanda pela carne cultivada deve aumentar. "As projeções demonstram que o consumo e interesse por esse tipo de produto irão crescer nos próximos anos. Por isso, também precisamos difundir o que é a tecnologia em termos de regulação e de consumidor", pontua.
O itt Nutrifor e a Núcleo Vitro já estão avançando neste caminho. Atualmente, estão sendo feitos estudos a partir das análises nutricionais da carne cultivada. Também serão realizadas pesquisas com consumidores gaúchos a fim de mapear e entender o perfil de consumo e interesse do público. "Além de auxiliar no desenvolvimento da tecnologia, o Nutrifor tem um papel importante na difusão do conhecimento para o mercado e sociedade, a exemplo dos eventos e de outros materiais técnicos e científicos que serão disponibilizados até o final do projeto", explica o coordenador do Instituto, Valmor Ziegler.
Os estudos para a produção de carne cultivada fazem parte de uma série de iniciativas do itt Nutrifor, que tem sua atuação marcada pela pesquisa e desenvolvimento de produtos para a indústria de alimentos e bebidas. Por meio de análise crítica de cada demanda, são elaborados projetos personalizados para atender as empresas e oportunidades de mercado. Entre as soluções oferecidas estão o desenvolvimento de novos produtos ou melhoria de algum já existente, estudos de vida de prateleira (shelf-life), pesquisa de mercado e rotulagem de alimentos, além de análises físico-químicas e microbiológicas realizados em laboratório com equipamentos de ponta, com destaque para o de microbiologia que possui acreditação na ABNT NBR ISO/IEC 17025 – 1388.
Carne cultivada: por um consumo mais sustentável
- Menos nociva ao meio ambiente, a produção de carne cultivada minimiza a emissão de gases de efeito estufa, além de demandar menos recursos naturais como água e solo
- Sem a necessidade de abate, respeita o bem-estar animal
- Evita as doenças zoonóticas, como gripe suína e gripe aviária, visto que o processo envolve rígidos controles microbiológicos
- O sabor, a textura e as propriedades nutricionais são similares à carne convencional