Resiliência
A quarentena está nos mostrando como precisamos ser resilientes e nos reinventar, independente de nossa profissão. Entretanto, acho que uma das áreas mais afetadas nesse processo é a educação.
São inúmeras lives, podcats, artigos e debates focando em como a pandemia pode aumentar a desigualdade na formação dos alunos, e também em como é difícil adaptar nossos processos de ensino e aprendizagem para o ambiente remoto.
Sou professor, e como muitos, estou em um processo contínuo de aprendizagem, especialmente relacionada
as novas formas de interação e conexão, em tempos de pandemia. Foi nesse contexto que tive contato com praticamente 2000 professores de escolas e universidades.
Estamos trabalhando para montar comunidades de troca, para que o conhecimento que estamos gerando, a partir de nossa experiência, possa ser ampliado e ressignificado.
Em algumas destas interações, buscamos compreender como os professores se sentem nesse momento, dado que tiveram que transformar suas práticas literalmente da noite para o dia.
Sentimentos como sobrecarga, ansiedade, incerteza aparecem fortes, mas lado a lado com o termo desafiados. Acho que essa palavra consolida o que todos estamos sentindo: o desafio que é nos reinventarmos.
A medida que conversamos e trocamos ideias com esses professores percebemos que, quando eles percebem que outros estão passando pelo mesmo momento e tiveram ideias interessantes, os sentimentos se transformam e palavras como coletivo, não estou sozinho, me sinto feliz, surgem lado a lado com o único termo dito anteriormente que se repete aqui: desafiado.
Esse é o momento que vivemos como professores.
Precisamos nos conectar, reconhecer no outro e no coletivo nossa força.
Nesse contexto, nos parece que algumas práticas são importantes para darmos conta do desafio que temos agora, e que vai sim transformar o que seremos pós- pandemia. Sei que seremos melhores professores, mas para isso, precisamos avançar em várias questões, dentre elas as que estão abaixo:
– procure seus pares
– expresse seus sentimentos
– teste novas práticas e receba feedback
– escute seus alunos e gere empatia
– compartilhe o que deu certo, e também o que deu errado – reconheça o valor dos pais
Estes pontos são importantes e valem para qualquer momento, independente da pandemia.
Após esta fase, vamos estar mais fortes e mais conectados.
Se construirmos práticas agora, elas vão ampliar as possibilidades nas salas de aula virtual, presencial e remota, e nos diferentes espaços nos quais interagimos com os nossos alunos e colegas.
Algum tempo atrás escrevemos que a melhor sala de aula seria a “não sala”, pois a sala em si é um gargalo,
um obstáculo. A fluidez e conexão do espaço quando percebemos no outro as possibilidades de perguntas e de respostas, quando nos conectamos e construímos uma conversa é o caminho para produzir conhecimento, para gerar aprendizado. Coletivamente isso se torna mais fácil, e com mais possibilidades e criatividade, mais longe podemos ir. Para além das nossas salas de aula.
Autor: Prof. Dr. Gustavo Borba