Jesuítas no Oriente
Recentemente esteve em cartaz, nos cinemas de Porto Alegre, o último filme dirigido por Martin Scorcese - "O Silêncio".
Este cineasta esteve envolvido por mais de vinte anos com a adaptação do romance de Shusaku Endo para o cinema.
O filme relata a história de missionários portugueses no Japão do século XVII.
Embora seja uma ficção, o filme é baseado em fatos reais e, mesmo misturando nomes em épocas diferentes, mostra a situação vivida por jesuítas e cristãos japoneses num tempo em que o cristianismo era hostilizado pelos Budistas.
"Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda a
Humanidade. Quem acreditar e for batizado, será salvo.
Quem não acreditar, será condenado".
Marcos 16:15-16
As principais informações dos acontecimentos nas missões eram repassadas ao mundo através dos relatos escritos nos diários dos jesuítas e em suas cartas dirigidas à Santa Sé.
Esses diários mostram as dificuldades vividas por cada missionário que, deixando para trás o que lhes era conhecido e sabido como verdadeiro, desbravaram a Ásia com pouca ideia do que encontrariam pela frente.
Com tanto a ser feito para a população local, os padres jesuítas eram polivalentes em suas atividades.
"Nós, sacerdotes, somos em certos aspectos um grupo triste.
Nascido no mundo para servir a humanidade,
não existe ninguém mais desgraçadamente solitário
que o padre que não está mais à altura da sua missão."
O esforço dos Jesuítas na conversão dos nativos ia além do batismo. A missão maior está na real compreensão e incorporação da fé em Cristo.
Ilustrações constantes dos frontispícios de Der neue Welt-Bott mit allerhand nachrichten deren Missionarien, sobre as missões orientais da Companhia de Jesus tendo como autoria Joseph Stoëcklein, tendo continuadores os jesuítas Ch. Meyer,P.. Probst, Fr. Keller e Fr. Xav. Socher, obra publicada na Alemanha no século XVIII, constante do acervo de livros raros do Memorial Jesuíta UNISINOS.
Mas para ocorrer o entendimento do Evangelho era preciso a introdução do idioma dos missionários e, ao mesmo tempo, a tradução da língua e costumes da população local.
Não raro são citados vários membros da Companhia de Jesus no trabalho de traduções do Evangelho, dando assim o acesso às verdades cristãs.
Matteo Ricci e Michele Ruggieri , no trabalho missionário na China no século XVI, foram os primeiros sinólogos da Companhia responsáveis pela tradução de textos clássicos do chinês para o latim e da Bíblia ao chinês.
No Brasil, temos o exemplo dos trabalhos deixados pelos padres Antônio Vieira e José de Anchieta, considerados patriarcas da pregação da fé em língua portuguesa.
A Companhia de Jesus se tornou uma das principais congregações religiosas a serem pioneiras no Oriente e, até hoje prima por excelência no campo social e educacional.
"O amor verdadeiro consiste em aceitar a humanidade
quando ela está reduzida a farrapos".
*(Frases em destaque colhidas da obra "O Silêncio", de Shusako Endo, editado no Brasil pela Editora Planeta, em 2011 e disponível para empréstimo na Biblioteca).
**Texto escrito pela Bibliotecária Susana Schneider Höltz, do Memorial Jesuíta UNISINOS.