Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social

O livro Design estratégico para a Inovação Cultural e Social organizado pela pesquisadora Karine de Mello Freire, objetiva retratar a trajetória do grupo de Pesquisa Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social – que estabelece uma conexão histórica com o programa de mestrado em Design da Unisinos, com o intuito centrado na perspectiva de desenvolver um espaço de pesquisa transdisciplinar, construindo uma rede de conhecimento a partir das perspectivas do Design, Comunicação, Arte, Engenharia, Administração e Arquitetura, propondo identificar novos olhares sobre os processos socioculturais relevantes para a Inovação Cultural e Social, nesta labuta empreendida acentua-se a relevância de além de compreender a complexidade dos saberes envolvidos, estabelecer propostas de soluções para processos sociais e comunicacionais pela metodologia do design estratégico, é notório que no contexto nacional da área, o trabalho do grupo destaca-se por identificar o caráter estratégico do design, o que permite o uso de métodos e ferramentas que ampliam a perspectiva metaprojetual possibilitando a co-criacão e o desenvolvimento de soluções sistêmicas.

Design Estratégico para a Inovação Cultural e Social

O design estratégico enfatiza o estudo das estratégias elaboradas pelo design para orientar a ação projetual e, sobretudo, a ação organizacional em direção à inovação e à sustentabilidade. Essas estratégias são elaboradas por processo que envolve todo o seu ecossistema de atuação: o meio organizacional (escritórios de design, empresas e demais organizações), o mercado, a sociedade e o meio-ambiente. Assim, o processo de design é considerado e desenvolvido no âmbito das múltiplas relações instauradas na ação projetual, com implicações metodológicas relevantes. Esse enfoque desloca-se do processo de design em si para o conjunto de relações que esses ecossistemas desenvolvem entre si. O designer torna-se o principal ator de uma ampla rede de atores que contribuem direta ou indiretamente para o desenvolvimento das estratégias organizacionais, incluindo os usuários, os membros da comunidade, os cidadãos e as pessoas em geral. Nesse processo, as competências técnicas de design transformam-se em plataforma transdisciplinar que sustenta a convergência dos especialistas e dos demais atores que integram essa produtiva rede de colaboração. Para tanto, é determinante a capacidade de tornar as estratégias visíveis para todos os atores, de maneira a promover o diálogo e a construção coletiva. Os artefatos resultantes são interpretados criticamente pela inovação que produzem e são avaliados pela sua sustentabilidade.

Dessa forma, do processo de design resulta um percurso para elaborar, exercitar e, então, fazer evoluir as estratégias organizacionais. É na ação projetual que o design estratégico trabalha a instabilidade de seu ecossistema, traço responsável pela sua constante evolução. Nesse sentido, a capacidade de leitura e interpretação dos sinais emitidos pelo ecossistema, aliada à projetação por cenários, é o cerne dos processos de design, uma vez que permite considerar o regular, o evidente e o possível, mas também o imprevisível, o acaso, a deriva ou o erro.

O design estratégico dialoga com as diversas áreas de conhecimento e com elas colabora pela sua capacidade de inovar e criar valor, da mesma forma que se beneficia do valor agregado pelos avanços projetuais, pelas práticas processuais e pelas tecnologias desenvolvidas e disponibilizadas por outras esferas de conhecimento técnico, cultural ou científico. Essas relações de complementaridade são indispensáveis para que se agreguem à tradição já construída pelo design, competências criativas, hermenêuticas e críticas diferenciadas.

O design estratégico, assim compreendido, permite a configuração da forma, função, valor e sentido de propostas integrais de ações configurantes das sociedades e organizações protagonizadas pelas pessoas.

Ele transcende, portanto, a oferta de produtos ou serviços singulares, e considera como um todo sistêmico os valores dos grupos sociais, as estruturas das organizações, as diferenças dos contextos socioculturais, o potencial das tecnologias e das redes, os efeitos de sentido desejados e a comunicação de processos e de resultados. Assim compreendido, o efeito mais significativo do design estratégico, é, entretanto, a organização e a contínua reorganização das relações e das atividades que são desenvolvidas no ecossistema das empresas públicas e privadas, das ONGs e das demais organizações. É o que lhes permite evoluir de modo sustentável para o benefício de todos os integrantes desse processo, nos segmentos de pesquisa (fundamentos da inovação), desenvolvimento (produção e comercialização) e inovação (geração de riqueza).

Se, para tanto, é solicitado o concurso de todos os segmentos e esferas socioculturais, é possível pretender que a área do design, como um dos campos de produção de conhecimento, possa colocar seu potencial criativo a serviço da “maneira de viver daqui em diante sobre esse planeta, no contexto da aceleração das mutações técnico-científicas e do considerável crescimento demográfico” (GUATTARI, 2007, p. 8). É nessa perspectiva que a prática de processos projetuais criativos emerge como alternativa de sobrevivência, afirmação de diferença e como esforço de qualificação de contextos de vida. É assim que o design pode atuar de forma estratégica, abrindo-se para as interações sistêmicas entre o homem e seu meio, resgatando a ideia de uma ecologia do artificial, como propõe Manzini (1990). Essa perspectiva leva a integrar o design no rol das disciplinas associadas ao pensamento sobre sustentabilidade, aproximando cultura de projeto das lógicas imanentes aos cuidados relativos ao desenvolvimento e preservação dos ecossistemas planetários. O design assume, portanto,sua agentividade face à modelização do mundo, de tal sorte que traz para si a responsabilidade diante dos contornos globais da vida. É nessa medida que o design aproxima-se das ciências da vida e da terra. O design, articulado nesse processo, assume sua envergadura de um pensar e de um fazer comprometidos com a vida: engajando-se no desenvolvimento de projetos de inovação social e cultural cujo sentido é a articulação harmônica entre os diferentes ecossistemas; identificando potencialidades, fragilidades, oportunidades ou ameaças, mapeando o contexto e as tendências; projetando, por fim, cenários; e desenvolvendo artefatos, serviços, experiências e cultura, com o propósito estruturante de permitir aos coletivos organizados avançarem em seus projetos de qualificação de si e dos contextos de vida. (Fragmento do livro Design Estratégico)

à venda em:

http://www.editorakazua.net/catalogo/design-estrategico-para-a-inovacao-cultural-e-social-organizacao-de-karine-de-mello-freire

http://www.livrariacultura.com.br/p/design-estrategico-para-a-inovacao-cultural-e-46064217?id_link=8787&adtype=pla&gclid=CMjvnvynmsgCFY2BkQoda_gOiw