Na noite desta segunda-feira, 30 de maio, o Auditório Central foi palco da palestra de abertura da XXIII Mostra Unisinos de Iniciação Científica e Tecnológica. Com o tema “A iniciação científica na formação de uma nova cultura investigativa-colaborativa”, a conferência inicial contou com a participação dos professores Lucídio Bianchetti, Eli Terezinha Henn e Maura Corcini Lopes.
Lucídio apresentou as possibilidades e limites à instauração de um círculo virtuoso dentro da Iniciação Científica. “A iniciação científica pode ser vista como um ritual de passagem ou de iniciação do jovem estudante, seja da graduação ou da educação básica. Precisamos refletir sobre a novidade de passar da condição de aluno-ouvinte-passivo para a de pesquisador-iniciante-ativo, visando a construção da autonomia”, ressaltou.
Diante dessa realidade, o professor destacou uma série de situações novas que o estudante precisa enfrentar, desde o domínio dos aspectos burocráticos da universidade, que envolvem a candidatura a uma bolsa de Iniciação Científica, até questões de ordem relacional com o orientador e o grupo de pesquisa. “Há aí, como diria Pierre Bourdieu, a necessidade de criação de um novo habitus, o habitus universitário. São novas relações que se estabelecem entre pessoas e o pesquisador iniciante, indo da seleção e recorte de uma temática, até a exposição do processo e dos resultados da pesquisa em uma Mostra de Iniciação Científica”, explicou Lucídio. O professor falou ainda da importância de capacitar o jovem pesquisador a ingressar na pós-graduação mais preparado para fazer frente ao desafio de escrever uma dissertação ou tese.
Eli abordou questões referentes a atividades de pesquisa, produções, atitude investigativa e colaborativa. Em sua fala destacou a discussão a partir de sua experiência como participante do Comitê Interno de Iniciação Científica. A pesquisadora sublinhou as principais fragilidades observadas na avaliação dos projetos de iniciação de científica, nos relatórios de pesquisa e nos resumos de mostras e publicações.
Além disso, abordou a importância do histórico escolar na produção acadêmica do aluno e da atualização o currículo lattes. “Não basta aceder ao produtivismo, é preciso criar uma qualidade com ações e atitudes qualificadas, que mostram que o estudo, a participação intensa na pesquisa e a atitude colaborativa potencializam a qualidade da iniciação científica”, enfatizou. “Essas práticas marcarão a vida dos bolsistas não apenas esse momento que estão fazendo a experiência da iniciação científica”, complementou.
Maura trabalhou a inserção do bolsista de Iniciação Científica no espaço nobre do Grupo de Pesquisa. “Muitas são as experiências e as aprendizagens vividas e realizadas na universidade. Porém, pouco se vive a universidade que faz pesquisa. Ser bolsista de Iniciação Científica é um privilégio, pois desde o mais cedo possível, integrar um Grupo de Pesquisa e conseguir entender a relação intrínseca entre experiência, sentido e saber e conhecimento, é algo que nos diferencia”, afirmou a professora.
Segundo a pesquisadora, essa diferença prepara o indivíduo para viver a inquietude da suspeita, da invenção e da produção do novo. “O Grupo de Pesquisa é um espaço compartilhado e hierárquico de criação de conhecimentos e de aprendizagens sobre um tema comum”, reforçou.
Ao estabelecer conexões entre a Iniciação Científica, a pós-graduação e a educação básica, o painel discutiu as relações institucionais entre a universidade e as agências de fomento. A palestra também destacou a Iniciação Científica como ritual de passagem na formação do pesquisador e a criação de uma nova cultura investigativa, baseada no trabalho colaborativo em grupos de pesquisa.