Quase 70 anos de história. Desses, mais de 15 dedicados ao esporte. Jussara Terezinha Silveira dos Santos, 69 anos, é uma atleta determinada, que começou sua trajetória no atletismo e hoje faz parte da equipe de Câmbio Competitivo da Unisinos.
O grupo faz parte do Programa Pró-Maior, proveniente do antigo Nutti (Núcleo Temático da Terceira Idade), que atende 467 pessoas com 60 anos ou mais, de forma gratuita. Ao todo, são 21 atividades de ação continuada, organizadas em 30 grupos e estruturadas em cinco eixos: educação, saúde e qualidade de vida, convivência grupal, espaços de reflexão e necessidades operacionais da vida do idoso.
A história de dona Jussara com o esporte se confunde com o início da prática de câmbio na Unisinos, que iniciou há aproximadamente 20 anos, com atividades esporádicas. Ela faz parte da primeira turma que, devido ao interesse dos participantes, transformou-se em uma equipe de Câmbio Competitivo. O grupo, formado por 20 idosos, treina todas as terças-feiras, das 8h30 às 10h, no Complexo do Esporte e Lazer.
Jussara começou a participar da equipe motivada pelo esposo, que faleceu um mês antes do primeiro campeonato que eles iriam participar. “O esporte sempre foi a vida dele e eu sabia que ele ficaria feliz se eu fosse lá e participasse. Ficamos campeões e hoje o torneio leva o nome dele: “ Evandro Saldanha”, conta.
Mesmo não tendo filhos, ela ressalta que nunca se sentiu só, pois encontrou no esporte o impulso para seguir em frente. “Eu não fico em casa. Jogo câmbio na terça, faço academia na segunda e na quarta. Além disso, o nosso grupo é muito unido, então a gente sempre organiza viagens, passeios e encontros. Eu fiz muitos amigos e sou muito feliz aqui”, frisa.
Similar ao vôlei, o câmbio para os idosos é um esporte que possui regras específicas. Em quadra, jogam três homens e seis mulheres. O time da Unisinos já participou de vários campeonatos em todo o Estado, sendo bicampeão estadual na categoria Sênior, ou seja, acima de 60 anos.
Protagonismo na terceira idade
Para a técnica Cátia Pereira, professora de Educação Física e Especialista em Gerontologia Interventiva, o esporte é fundamental para a vida dos idosos. “Além de ajudar no condicionamento físico, a prática deste exercício proporciona benefícios psíquicos, oportuniza o convívio social e possibilita autonomia dos idosos, como também seu protagonismo”, pondera.
Cátia Explica que, aliada ao treino de câmbio, está a preparação física de cada atleta, como fortalecimento muscular e alongamentos. “Não basta apenas treinar, eles precisam considerar um bom desempenho físico e nutricional, para não correrem risco de lesão”, salienta.
Para a coordenadora do Pró-Maior, Prof. Suzana Hübner Wolff, a velhice traz mudanças radicais e é preciso buscar a manutenção do equilíbrio. “Cotidianamente as pessoas são desafiadas a se posicionar enquanto idoso, se reconhecer enquanto idoso, lutar por seus direitos. Nesse sentido, o projeto procura dar um suporte de enfrentamento dessas situações”, relata.
Doutora em Ciências do Movimento Humano, com ênfase em Envelhecimento bem-sucedido, Suzana destaca que assim como na juventude há vários estilos de jovens, na velhice não é diferente. “Os idosos na são todos iguais. Há aqueles que gostam de tricô e artesanato, mas também existem aqueles que se realizam no esporte”, pontua.
Segundo ela, no câmbio os idosos convivem com questões inerentes à fase, sobretudo o saber ganhar e perder, uma vez que na velhice as perdas são inevitáveis. “O câmbio é um jogo coletivo e tu tens que saber respeitar o outro: suas virtudes e limitações. O esporte tem isso. Ele tem o poder de unir as pessoas, mas também de fazê-las aprender a respeitar os resultados. Nesse contexto, ele está diretamente relacionado aos princípios do Pró-Maior, que tem por objetivo manter as pessoas autônomas, ativas e incluídas socialmente”, finaliza.
Esta matéria foi realizada em meados de 2016, referente ao Balanço Social 2015.