Um espaço para se expressar, atuar, dançar, criar. Na forma mais sublime: ser. O Artecriando é um espaço de convivência para adolescentes, entre 12 e 17 anos, desenvolverem autonomia sobre suas escolhas, autoestima e cidadania, com objetivo de amenizar os impactos da vulnerabilidade social ou pessoal em que se encontram. O projeto divide-se em duas ênfases: artes cênicas, que engloba oficinas de teatro e dança; e artes visuais, com oficina de artesanato. Todas as atividades buscam estimular a expressão dos afetos e vivências ligadas à consciência do próprio corpo, espiritualidade e sensibilidade artística.
Além das três oficinas voltadas à arte, os adolescentes também contam com uma oficina de formação cidadã. Em todas elas, a criação é livre – tem que ter imaginação! Linhas coloridas, cola, sucata permitem aos participantes transformarem suas ideias em realidade. A oficina de artesanato une arte e terapia. A oficina de dança traz ao conhecimento a dança contemporânea. Sem passos marcados e cheios de técnica, a ideia é sentir-se, conhecer as próprias limitações e deixar fluir. Se ela proporciona um momento de contato pleno com o presente, o teatro leva aonde o pensamento chegar.
Entre quatro paredes, os participantes são o que quiserem ser. Artistas de circo, viajantes, alpinistas. Para todas as oficinas, a regra é uma: o que importa é se divertir e aprender. Taiza, de 14 anos, é fã número 1 da oficina de dança. “Sempre fui elétrica, gosto de falar, me movimentar”, conta. Ela demonstra nos olhos brilhantes e no sorriso no rosto quando fala sobre a paixão: “Quero ser bailarina profissional”, afirma, convicta, a jovem que frequenta o Artecriando, há três anos, por indicação da irmã. “E sem dúvida, quero continuar aqui, aprender mais e mais.”
Assim como Taiza, Pedro deposita todo seu empenho na arte. O jovem já aprendeu a fazer mais de 40 tipos diferentes de dobradura, entre as que aprendeu no projeto e as que buscou na internet. Além da oficina de artesanato, adora dançar. Para ele, é um momento único para deixar fluir a imaginação: “Te permite criar, inventar os próprios movimentos”, diz. Pedro, que entrou no Artecriando no ano passado, já fala com carinho do projeto: “Eu gosto de vir para cá. Se fico em casa, passo muito tempo na internet”. Aos 17 anos, Pedro se encaminha para seu último ano como oficineiro. O que ficará de lembrança, para ele, é emoção e saudade: “Fiz muitos amigos aqui”.
Como o despertar da sensibilização artística, também está no escopo do Artecriando assegurar um espaço de referência para o convívio grupal, comunitário e social, incluindo o desenvolvimento de relações que evidenciam afeto, solidariedade e respeito. A inclusão social, educacional e cultural busca agregar novas experiências, formações de vínculos concretos e conhecimento.
Por meio da arte, acredita-se no protagonismo cidadão e na abertura de possibilidades para um futuro próspero em todos os meios de atuação dos sujeitos envolvidos: vida pessoal, social, escolar e profissional. Educadora no Artecriando, Roberta Darkiewicz, afirma perceber evolução nos participantes com o passar das atividades. “Tanto no ponto de vista da desenvoltura artística quanto da comunicação interpessoal, eles apresentam progresso. A tomada de decisão conjunta e a integração mostram o impacto positivo das oficinas na sociabilidade. Isso é resultado para a gente”, afirma.
*Esta matéria foi produzida em 2017 e refere-se ao Balanço Social 2016.