Você sabe como as coisas serão daqui um ano ou uma década? Tem ideia? Não faz a menor noção? “O futuro é desconhecido”, você poderia dizer. Mas será mesmo? Para o professor Adrian Bejan, não é bem assim que funciona. Ele afirma que sim, é possível prever a evolução de tudo que flui, tudo que se movimenta. E isso inclui os seres humanos.
O que explica essa possibilidade é a chamada Lei Construtal, proposta pelo próprio Bejan em 1996. “Para que um sistema de fluxo de tamanho finito persista no tempo, ele deve fornecer um acesso mais fácil às suas correntes”, declarou o pesquisador. Confuso? Basicamente, o que isso quer dizer é que, para um sistema sobreviver, ele deve adequar o seu design (forma e estrutura) para fluir melhor. Ou ainda, como coloca o professor Luiz Alberto Rocha, da Unisinos: “Se conhecemos a Lei Construtal, sabemos como prever a evolução, o que significa prever como os sistemas vivos, animados ou inanimados, devem ser e serão”.
Essa teoria explica, por exemplo, por que a constituição do corpo humano é do jeito que é e como ocorre a distribuição de riquezas nas civilizações. A arquitetura das bacias fluviais e dos flocos de neve, as rotas de circulação do trânsito, o crescimento das cidades, a evolução das tecnologias, até mesmo o clima global. Tudo isso, de acordo com Bejan, é possível prever, pois em tudo há uma forma que emerge da natureza, e a natureza é previsível.
Visualize, por um instante, as ligações entre as células, um raio que cai, as veias do corpo humano. Não lhe parece que todos eles têm uma semelhança de design? Ramificado, como galhos saindo de uma árvore? Pois é nessa hierarquia que mora a relação entre forma e fluxo, a chave para vislumbrarmos o futuro e caminharmos em direção a ele com mais confiança — ora, se sabemos que a evolução vem da dinâmica, por que haveríamos de parar?
Para entender o assunto
A Lei Construtal será tema de uma conferência na Unisinos Porto Alegre entre os dias 11 e 13 de março de 2019. O evento contará com a participação de pesquisadores de 18 países (confirmados até então), incluindo o professor Adrian Bejan, que enunciou a Lei.
O professor Luiz Alberto Rocha, integrante do comitê organizador da conferência, comenta a relevância do debate: “A Lei Construtal é particularmente central para as futuras decisões e para a vida do indivíduo na sociedade, porque é a lei da física da evolução, que é o fenômeno da mudança de hoje para amanhã”.
A conferência também abordará a Segunda Lei da Termodinâmica que, como a Lei Construtal, se insere na Termodinâmica. Será um encontro para trocas de ideias, sobretudo entre a comunidade científica internacional.
As atividades acontecerão no Teatro Unisinos (Av. Dr. Nilo Peçanha, 1600 – Boa Vista – Porto Alegre). Para assistir à conferência, faça sua inscrição pelo site do evento.
Sobre Adrian Bejan
Adrian Bejan recebeu a medalha Benjamin Franklin por sua pesquisa sobre Termodinâmica e Lei Construtal, que prevê o design natural e sua evolução nos sistemas de engenharia, científicos e sociais.
É formado pelo Massachusetts Institute of Technology – MIT (B.S.1971, M.S.1972, Ph.D.1975). Na Duke University, é o J.A. Jones Distinguished Professor. Escreveu mais de 30 livros — entre eles, The Physics of Life: The Evolution of Everything — e 650 artigos de revistas arbitradas pelos pares e recebeu 18 doutoramentos honorários de universidades de 11 países. É também membro da Academia da Europa e das academias nacionais do México, da Romênia e da Moldávia.
O impacto do trabalho do professor Bejan é destacado por seus métodos originais de teoria e ciência da arte que hoje estão associados ao seu nome. Por exemplo, minimização de geração de entropia, análise de escala, diagrama de temperatura-calor, interseção de assíntotas e vida e evolução como física.