Este ano, a Igreja Católica lembra os 50 anos de encerramento do Concílio Vaticano II, fato este que marcou o catolicismo em sua relação com a sociedade. Para entender as mudanças que emergiram a partir do Concílio, o Instituto Humanitas – IHU promoveu nessa quarta-feira, 9 de dezembro, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, o lançamento do livro “A recepção do Concílio Vaticano II: acesso à fonte, de Christoph Theobald.
Segundo o padre Marcelo de Aquino, reitor da universidade, a obra do teólogo francês e padre jesuíta, aborda não só esse momento de chegada, que representa o Concílio, mas também de recomeço na Igreja Católica. “Theobald destaca a sagacidade hermenêutica do Papa João XXIII, que percebe os vários movimentos do catolicismo social, como o movimento litúrgico, ecumênico, bíblico, que surgiram na Europa e confluíram para que o papa convocasse o concílio”, aponta.
Ele ressalta o que o autor chama de novo pentecostes. “Estamos vivendo uma releitura do Concílio Vaticano II em grande escala. O Papa Francisco está construindo uma igreja dos pobres, uma teologia do povo. Por isso, é uma honra para a Unisinos, uma universidade de natureza confessional, poder estabelecer um diálogo fecundo sobre esse tema”, completa o reitor.
Sob a perspectiva da pastoralidade
A coordenadora do programa de Teologia Pública do IHU, Cleusa Maria Andreatta, explica que Christoph Theobald é, hoje, uma das maiores autoridades nas pesquisas sobre o Concílio Vaticano II. Ela explica que o padre jesuíta esteve na Unisinos em 2009, no X Simpósio internacional IHU: Narrar Deus numa sociedade pós-metafisica. Possibilidades e impossibilidades, onde falou que para entendermos a importância do Concílio hoje, é necessária uma nova leitura.
“Na ocasião, ele falou que recentemente havia lançado um livro que trazia esse aspecto dialógico e ecumênico do Concílio. Desde então, nós começamos, sob coordenação do padre Inácio, a discutir as possibilidades de traduzir esse livro. Foi um longo trabalho, feito a muitas mãos, pois o livro foi publicado originalmente em francês e possui 820 páginas”, relata.
O padre José Roque Junges, doutor em teologia, salientou a perspectiva pastoral que a obra nos convida a refletir. “Theobald destaca que, na maioria dos concílios, a Igreja estava se confrontando com alguma heresia, já o Concílio Vaticano II é totalmente diferente, pois não quer simplesmente dizer se está certo ou errado, mas defende uma doutrina que se insere no presente da história”, completa.