Vivemos um momento conturbado no mundo envolvendo diversas questões sociais, políticas e econômicas. E, nesta quarta-feira, 9/5, a Unisinos foi palco de um evento dedicado a falar sobre esses assuntos. A aula magna do curso de Relações Internacionais recebeu o embaixador, Rubens Ricupero. Na oportunidade, o diplomata dividiu experiências e fez uma análise do panorama do mundo atual e o Brasil.
“É para mim uma honra especial poder proferir essa aula magna na Unisinos. Fiquei muito impressionado na minha visita à universidade. Não havia me preparado para a modernidade. Vou voltar a São Paulo impressionado e dizer a todos que devem vir conhecer”, destacou o embaixador.
Ricupero foi Ministro da Fazenda (1994) e Secretário-Geral da UNCTAD (1995-2004). Dentre os vários postos diplomáticos ocupados estão: embaixador na Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas em Genebra (1987-1991), embaixador em Washington (1991-1993) e Roma (1995). É autor de inúmeros livros e artigos no campo das Relações Internacionais e atuou, também, na docência.
O embaixador iniciou a palestra respondendo a um questionamento e tema do evento. “Volta a guerra fria? Não. A guerra fria é um fenômeno histórico, muito bem definido, delineado e delimitado. Esse fenômeno durou um número de décadas, mas acabou. Nós não estamos de volta a isso. O mundo não está dividido no sistema bipolar. Não é a guerra fria que vivemos”, afirmou.
“A guerra fria nos seus momentos mais difíceis, nunca chegou a questionar o sistema internacional.”
Rubens Ricupero, embaixador
Ainda assim, o diplomata não esconde que o panorama atual é preocupante. Para ele, é mais preocupante que a guerra fria. “Nós vivemos hoje um fenômeno muito diferente e talvez pior. A guerra fria nos seus momentos mais difíceis, nunca chegou a questionar o sistema internacional. Internacionalmente estamos tentando construir um governo mundial. Nós estamos assistindo a uma coisa muito preocupante”, ressaltou.
O embaixador defende que no panorama conturbado em que vivemos, existem alguns países que unidos podem fazer algo positivo. E esse algo positivo a que Ricupero se refere é de que o Brasil deve se unir à União Europeia na defesa do sistema internacional. “A União Europeia é o grande centro de poder com uma visão liberal, com uma visão de abertura comercial e com uma visão de sistema econômico temperado pela questão social”, explicou.
Para o diplomata, países intermediários e democráticos são países que podem desenvolver um papel útil nesse momento, se unindo para defender o sistema internacional criado há 73 anos. E o motivo dessa defesa é muito claro para o embaixador. “Nesse período nós não tivemos uma nova guerra mundial. Um outro ganho que tivemos é que nunca mais se utilizou a arma nuclear contra a sociedade civil, como houve em Hiroshima. Esse sistema tem defeitos, precisa ser aprimorado. Mas, ele precisa ser defendido”, afirmou.
“O Brasil precisa se unir à União Europeia e a outros países semelhantes e defender os acordos climáticos, a luta contra o aquecimento global, os direitos humanos e os direitos dos refugiados.”
Rubens Ricupero, embaixador
Na visão de Ricupero, o Brasil precisa se unir à União Europeia e a outros países semelhantes e defender os acordos climáticos, a luta contra o aquecimento global, os direitos humanos e os direitos dos refugiados. “Nós devemos lutar para a preservação do sistema junto com outros países. Sistema baseado em regras, abordagens coletivas, processo de decisão que não é unilateral e de imposição. É esse o papel que vejo para o Brasil”, concluiu.
Após a palestra, o embaixador Rubens Ricupero realizou uma sessão de autógrafos do livro “A Diplomacia na Construção do Brasil:1750-2016”.
Sobre a presença do embaixador Rubens Ricupero na Unisinos
“De maneira muito fraterna e muito cordial recebemos o embaixador Ricupero. É no meio de um clima de desânimo no país, que precisamos de exemplos do Brasil que dá certo. O Brasil não é feito de corruptos, eles são a minoria. O Brasil é o Brasil da brava gente brasileira”, afirmou o reitor da Unisinos, Pe. Marcelo Fernandes de Aquino.
“A sua presença nos permite ir ao encontro da nossa universidade que preza pela excelência acadêmica e internacionalização”, destacou a coordenadora do curso de Relações Internacionais, Nadia Barbacovi Menezes.
“Esse é o momento mais importante para o nosso curso e a presença do embaixador só nos engrandece”, ressaltou o coordenador do curso de Relações Internacionais, Alvaro Paes Leme.
“Pouquíssimos brasileiros reúnem a experiência que tem Ricupero. Fico feliz por hoje termos aqui na Unisinos essa oportunidade. Estou certo que todos ficarão agradados com essa aula magna”, afirmou o embaixador, Claudio Lyra.
“Nós passamos por dificuldades e precisamos de inteligência e desse tipo de debate. Vim ter uma aula”, disse o secretário de Educação de Porto Alegre, Adriano Naves de Brito.