Aulas em ambiente virtual já viraram rotina na vida de Guilherme dos Santos da Silveira, de 16 anos. Ele participa há mais de 6 anos do Vida com Arte. O projeto promove a inclusão social de crianças e jovens pela música. Com as oficinas, o trabalho é realizado visando o desenvolvimento pessoal, coletivo e social. O jovem conta que conheceu a iniciativa por meio de uma reportagem que leu em um jornal. “Naquela época, estava começando a me interessar em músicas de orquestras e, principalmente, no violino”, relembra. Ao longo de 2020, o trabalho desenvolvido pelo projeto precisou ser remodelado, a alternativa encontrada pelos educadores foi o início de uma nova forma de aprendizado, além das aulas online, o compartilhamento das músicas por meio de vídeos como alternativa aos pequenos aprendizes.
O Vida com Arte sempre teve a característica de fortalecer vínculos, criar amizades e confiança mútua entre educadores e participantes. Mesmo que, ao longo do ano, o contato tenha sido virtual, o coordenador do projeto, Fabrício Basso, acredita que a ligação entre o grupo ficou ainda mais forte. O projeto, muito mais do que o aprendizado musical, é um espaço para trocas de conhecimentos e aprendizados. A continuação do trabalho desenvolvido pelo Vida com Arte foi essencial para ajudar todos – participantes e educadores – a manterem o equilíbrio e a saúde em um momento imprevisível. “Eu diria que 2020 foi o ano mais desafiador desde o início do projeto, em 2009. A ‘travessia’ expressa bem nosso sentimento: atravessamos um ano turbulento, chegamos à outra margem, mas o desafio continua aí”, completa.
Se o vínculo com os participantes se fortaleceu, com os pais não foi diferente. Para Fabrício, o esforço também veio dos familiares, afinal, em muitos casos, havia apenas um celular em casa. “Muitos participantes tinham dificuldades de acesso à internet, ou mesmo restrição no uso de dispositivos para assistir às oficinas. Por exemplo, muitas famílias tinham apenas um celular, que era o aparelho que o aluno usava para acompanhar as aulas”, explica. Com um trabalho realizado em conjunto, onde cada um desempenhou papel importante, a música não precisou parar e o conhecimento descobriu novos caminhos para chegar até as crianças e jovens atendidos.
Guilherme ressalta que, mesmo com os novos desafios, não deixou de assistir nenhuma atividade. “Foi uma experiência interessante, saber que o professor está em sua casa e eu estou na minha, naquele momento conseguimos fazer a aula tranquilamente, dando uma sensação como se fosse presencial”. O jovem que sonha em ser violinista, conta o que mais gostou durante o ano. “Foi a organização e qualidade das aulas”, completa. Com a nova forma de ensinar, os participantes tiveram mais autonomia no aprendizado. Para substituir as apresentações, os pequenos músicos gravavam vídeos tocando instrumentos. O material era enviado ao projeto que editava e finalizava em uma apresentação digital.
Outro ponto de atenção, foi o apoio psicológico, fundamental para lidar com as dificuldades enfrentadas durante a pandemia. “Tivemos que lutar contra o sentimento de tristeza e isolamento dos alunos e procurar manter a motivação e o entusiasmo deles pelo projeto. Não foi fácil”, relembra Fabrício. Em 2020, foram 58 crianças e jovens atendidos. O resultado mostra que o projeto Vida com Arte atingiu seu objetivo de ensinar e se manter próximo dos participantes.
Esta matéria foi escrita em meados de 2021, referente ao Balanço Social 2020.