Um assunto que sempre desperta interesse é vinho, ainda mais no inverno. Todo mundo quer entender de vinho, saber que tipo harmoniza com que comida, ou qual a quantidade ideal de consumo diário. Mas essa bebida tão famosa, tem muito mais para nos oferecer em conhecimento e propriedades, é o que está descobrindo o enólogo Juliano Garavaglia em uma pesquisa realizada no itt Nutrifor, na Unisinos.
O estudo trabalha com o isolamento da microbiota de vinhedos das variedades de uva Merlot e Chardonnay do Vale dos Vinhedos. “A pesquisa iniciou em março de 2014, em parceria com a Università degli Studi di Padova. A primeira coleta foi realizada no mesmo ano e agora estamos finalizando os resultados das amostras inicias. Após esse processo, aplicaremos os resultados no vinho”, explica o pesquisador.
Em 2017, serão feitas novas coletas no Vale dos Vinhedos, na Campanha Gaúcha e nos Campos de Cima da Serra. As descobertas feitas pelo estudo vão proporcionar a produção de um vinho ainda mais típico e característico do Rio Grande do Sul. Além disso, os resultados da pesquisa vão permitir a elaboração de vinhos de uma qualidade superior, que possam se equivaler a outros vinhos de padrão internacional.
Confira a entrevista de Juliano e aprenda mais sobre vinhos.
Como surgiu a ideia de desenvolver essa pesquisa?
Juliano Garavaglia: A pesquisa surgiu a partir do estudo de alguns projetos já desenvolvidos nos vinhedos europeus, os quais buscavam ressaltar as características locais dos vinhos através do uso de leveduras nativas das próprias regiões produtoras. Sendo assim, buscamos entender como seria composta a microbiota de leveduras associada aos vinhedos plantados aqui no Brasil, mais especificadamente, no Vale dos Vinhedos.
Por que você escolheu trabalhar com vinhos?
Juliano Garavaglia: Como sou Enólogo por formação, acabei deslocando meus estudos e pesquisas com leveduras para a melhora dos vinhos elaborados aqui no Vale dos Vinhedos. Além disso, o vinho representa um produto bastante típico do Estado e que necessita de mais estudos, principalmente, do ponto de vista biotecnológico e microbiológico.
No que consiste a pesquisa?
Juliano Garavaglia: O objetivo geral da pesquisa é isolar e caracterizar leveduras associadas as uvas cultivadas no Vale dos Vinhedos, inicialmente, com a uva Merlot, que é típica da região e se adaptou muito bem às condições climáticas. A partir deste isolamento, iremos buscar leveduras que sejam boas fermentadoras e possam adicionar características agradáveis e complexidade aromática aos vinhos, além de ressaltar o caráter frutado e típico dos vinhos elaborados. Além disso, estamos desenvolvendo ferramentas de análise de DNA para identificação e caracterização das leveduras obtidas, conhecendo assim a microflora associada às uvas Merlot cultivadas na região.
Quais descobertas novas o estudo trouxe?
Juliano Garavaglia: Com o estudo, já estamos desenvolvendo toda parte de análise de DNA das cepas de levedura obtidas e, neste momento, estamos finalizando o estudo das características fermentativas de cada levedura e seu perfil de fermentação, para após aplicar na elaboração de vinhos, inicialmente, em microvinificações.
As descobertas são aplicáveis à realidade gaúcha? Como?
Juliano Garavaglia: Sim, totalmente. Valorizando os vinhos da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos, além de todos os vinhos da região. Os dados obtidos ainda são preliminares, mas já temos várias leveduras com características muito interessantes para a sua utilização no vinho brasileiro.