O judô surgiu na vida de Paulo Henrique Amaral da Silva há pouco mais de 4 anos. “Uma amiga minha, que praticava jiu-jitsu comentou comigo que eu tinha força nos braços, – eu sempre quis fazer uma arte marcial, mas tinha medo de me machucar -, aí ela falou do judô, que eu aprenderia a cair”, lembra Paulinho, como é chamado carinhosamente pelos amigos. Essa foi a primeira sementinha do esporte, que logo virou uma paixão. “Eu treino duas vezes por dia, todos os dias, porque eu sei que os meus movimentos são limitados e que o meu corpo responde de uma maneira mais lenta, então se eu não fizer mais do que os outros, eu não vou chegar lá”, afirma o campeão.
Antes de vencer o Campeonato Mundial de Judô, o atleta, que participa do projeto Judô para Todos, já tinha vencido outros torneios brasileiros, um em Santa Catarina, conquistando o primeiro lugar, e um em São Paulo, onde garantiu o bronze. Então, em 15 de abril, Paulo Henrique venceu seis lutas seguidas, no campeonato mundial, na Holanda, e trouxe o troféu de primeiro lugar para o Brasil. O retorno para casa foi muito comemorado. “Primeiro eu fui recebido no aeroporto pelos meus colegas e depois surgiu a ideia do caminhão de bombeiros, foi um momento único. Eu costumo dizer que 90% dos meus amigos foi o judô que me deu, e isso é o que mais vale”, destaca.
Na Unisinos, Paulinho trabalha com informática, na Gerência de Tecnologia da Informação (GTI) da Associação Antônio Vieira — ASAV. “Estou há dois anos na Universidade, meu currículo foi uma colega do judô que deixou aqui”, conta empolgado. Nesta quarta-feira, o campeão fez uma visita ao reitor, Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, para agradecer o apoio dado pelos jesuítas. “Essa conquista, não é só minha, é de todos nós, porque ninguém ganha nada sozinho. Por isso, acho importante agradecer à Unisinos, aos meus colegas da GTI, a minha família, aos amigos que treinaram comigo, enfim, a todos”, enfatiza.
Paulinho tem paralisia cerebral. Nasceu aos seis meses de gestação, teve falta de oxigenação no cérebro e três paradas cardíacas. De lá para cá, foram 11 cirurgias e 20 anos de fisioterapia, mas nunca se deixou abater. Para melhorar o desenvolvimento motor, o judoca também passou por vários esportes, como futsal e natação, mas foi no judô que encontrou o seu caminho. “O judô me deu equilíbrio e muitos amigos, me ajudou 200%, fora o incentivo dos colegas, isso não tem preço”, afirma.
Superação e persistência são palavras de ordem na vida do atleta. “Quando eu comecei no judô, eu não conseguia nem atravessar o tatame caminhando, hoje eu sou campeão mundial”, lembra orgulhoso. Mais que um troféu, Paulinho traz uma lição de vida. “Não foi fácil, tive que treinar muito, teve dias que pensei em desistir, mas no dia seguinte estava lá. Para quem acha que não pode, eu tenho uma coisa a dizer: é preciso tentar e persistir. Se tu tem vontade, vai atrás do teu sonho, seja ele qual for. Não deixa ninguém dizer que tu não é capaz. Todo mundo pode, é só a gente querer”, finaliza.