A construção civil tem tido um papel de destaque nos avanços do país. Se muito já foi feito, ainda existe muito para construir. Só em saneamento básico, o índice brasileiro de tratamento de esgoto não passa dos 30%.
Um bom profissional da área precisa estar atento ao que acontece ao seu redor para poder contribuir com a construção do país de forma responsável. Por isso, os engenheiros civis estão, cada vez mais, trabalhando alinhados a questões de sustentabilidade.
Conversamos sobre o tema com o professor Daniel Medeiros, coordenador do curso de Engenharia Civil da Unisinos em Porto Alegre. Confira abaixo.
Materiais sustentáveis e projetos com uso eficiente de energia têm sido preocupações da área. Como está o panorama da sustentabilidade na engenharia civil?
O Brasil está sempre um pouquinho atrás de Estados Unidos e Europa em tudo que é novidade de tecnologia e materiais, e na sustentabilidade não é diferente, mas isso tem crescido muito. De 2007 para cá, há cada vez mais projetos trazendo a sustentabilidade nos seus conceitos, usando materiais com conteúdo reciclado, projetos de reaproveitamento de água da chuva, efluentes tratados para uso não potável. E na parte de eficiência de energia também, não só com fontes alternativas como painéis fotovoltaicos, mas no próprio projeto, pensado para que o prédio opere de forma eficiente. Um bom indicativo é que de alguns anos para cá, cresceu muito o número de projetos que buscam a certificação LEED, específica de sustentabilidade. O Brasil é um dos países com maior número de projetos com essa certificação.
Entre os problemas crônicos de infraestrutura no Brasil, qual é o principal gargalo atualmente?
Se fala em crescimento do PIB (produto interno bruto), em crescimento econômico, mas a infraestrutura está por trás de tudo isso, então não adianta incentivar indústrias a se instalarem em determinado local se não há rodovias ou ferrovias para escoar a produção. Da mesma forma, há crescimento populacional e adensamento em meio urbano sem avanço em coleta e tratamento de esgoto. Tem muito, mas muito mesmo, a ser feito, pois o índice brasileiro de tratamento de esgoto não passa dos 30%, a grande parte do esgoto gerado nas cidades vai para os mananciais sem nenhum tipo de tratamento. Por outro lado, temos que pensar em mudar um pouco o modelo de depender única e exclusivamente do poder público para isso.
O transporte é um grande problema no país. Quais deveriam ser as prioridades do poder público quanto a modais e sistemas de transporte?
Não sou de forma alguma contra a ampliação da malha viária, mas o investimento no transporte coletivo foi negligenciado, isso é visível. Em São Paulo, o transporte ainda é um problema, mas eles investiram muito no metrô, enquanto em Porto Alegre nada foi feito. Temos apenas o Trensurb, que depois de muito tempo foi ampliado a Novo Hamburgo, de forma muito lenta. Então acho que temos que pensar em um outro modelo, com foco no transporte coletivo.
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