Sioma é o tema da aula inaugural de Fotografia

Alunos do curso assistem ao curta-metragem sobre o fotógrafo e depois conversam com as editoras da produção

Foto: Rafael Casagrande

“Percebi que, em Porto Alegre, tem muitas famílias que possuem fotos do Sioma em casa, de diversas épocas”, conta Eneida Serrano, editora do vídeo Sioma – O papel da fotografia, em parceria com Karine Emerich. Foi com pesquisas, baseadas em histórias de clientes, da família e de acervos, que elas conseguiram produzir o curta-metragem sobre o ucraniano, que fez da capital gaúcha, o local de suas obras.

Foto: Rafael Casagrande

Ontem, na aula inaugural do curso de Fotografia, Eneida e Karine apresentaram, no auditório padre Bruno Hammes, o curta aos alunos, e, em seguida, conversaram com as turmas presentes no local. No início, elas tiveram a ajuda de Ricardo Chaves, o Kadão, que publicou em sua coluna na Zero Hora, uma matéria à procura de pessoas que possuíam fotos do Sioma em suas casas. A partir desses contatos, antigos clientes do fotógrafo foram surgindo e entrevistas foram feitas. Eram noivas, debutantes, rapazes e famílias que possuíam os registros.

Além deles, populares e grandes personalidades, como Paixão Cortês, Getúlio Vargas e Érico Veríssimo, já foram alvo de suas lentes. E dentre esses fotografados, uma busca era em especial: a do “Negrinho José”, uma criança, que anos mais tarde, em uma das últimas exposições de Sioma, se encontraria novamente com o autor. “Se existe a possibilidade de encontrar essa pessoa, existe história. Existe o filme”, relata Eneida, que insistentemente procurou pelo senhor José Carlos Cardoso.

Foram dois anos de pistas, desde uma nota em um jornal de 1979, das buscas pela possível moradia da personagem no bairro Restinga, até saber que ele virá a ser morador de rua. A única pista, agora, era saber que ele residia no viaduto da Borges de Medeiros. Certo dia, não indo com a intenção de procura por José Carlos, Eneida avistou um senhor, e não teve dúvidas: “É ele!”. Ela se aproximou e apenas perguntou o nome completo. Era o seu José Carlos Cardoso. O filme acabava de ganhar uma de suas personagens mais marcantes.

Sobre o fotógrafo

Nascido em 1903, na Ucrânia, Sioma Breitman chegou ao Rio Grande do Sul em 1924. Três anos depois, dedicou-se as fotografias de retrato com luzes e sombras dramáticas. Além disso, ele sempre saia às ruas com sua câmera, e fotografava cenas urbanas e viagens. É um dos responsáveis por levar a imagem de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul ao exterior. Faleceu no ano de 1980, aos 76 anos. “Sioma é referência de um tempo que a gente ainda se conecta. Devemos repensar o valor da fotografia de antes, em que eram possíveis apenas poucas fotos, para agora, em que podemos fazer milhares”, destaca Eneida.

O nosso website usa cookies para ajudar a melhorar a sua experiência de utilização.

Aceitar