Será o lixo o futuro do carvão?

Workshop debate uso energético combinado de resíduos sólidos urbanos

À provocação do título, o professor Mario Saffer responde: o carvão será a saída para o lixo. O uso energético combinado de resíduos e carvão mineral foi assunto de debate dessa segunda-feira, na Unisinos. Promovido pelo curso de Engenharia Mecânica, o evento ocorreu em parceria com a UFRGS, sob coordenação da professora Maria Luiza Indrusiak e pelo professor Mario Saffer. O momento contou, também, com a presença dos especialistas no assunto Mario Costa, Bettina Hoffmann e Edson Bazzo. O workshop analisou o panorama energético visto pela ótica técnica, ambiental e de planejamento.

A professora Maria Luiza Indrusiak destaca que o objetivo do evento foi incentivar a reflexão e a ação sobre dois temas relevantes: o aproveitamento de uma das riquezas energéticas do estado, o carvão; e a valorização energética de algo que está se tornando, cada vez mais, um problema: os resíduos da atividade humana, em especial os resíduos sólidos urbanos, os resíduos industriais e os agrícolas.

Segundo a professora, a análise da matriz energética é fundamental para orientar o planejamento do setor energético com a finalidade de garantir o uso adequado da energia disponível. “Todo aproveitamento energético possui seu impacto ambiental, sem exceções. O que podemos fazer é minimizar e diversificar. A diversificação em especial, além de distribuir estes impactos, também propicia uma matriz mais estável, com as deficiências sazonais ou eventuais de uma fonte sendo cobertas por outra”, afirma.

A combustão de resíduos enfrenta dificuldades técnicas e restrições ambientais semelhantes. Essas restrições podem ser vistas também como oportunidades quando se combina a combustão de carvão mineral com resíduos sólidos, por meio do compartilhamento do complexo conjunto de tratamentos destinados aos seus efluentes gasosos e sólidos e da logística de seus manuseios.

O professor Saffer destacou, também, que em termos de uso de energias renováveis, o Brasil está à frente de muitos países e o uso do carvão pode transformar o cenário energético nacional. O carvão pode contribuir para a solução problema que sofremos em relação à disposição final dos resíduos sólidos. “Nós produzimos aproximadamente 200.000 toneladas de RSU por dia, levando em conta que o poder calorífero médio do RSU é 6900 HJ/kg, resultaria na produção de energia compatível à construção de 56 usinas elétricas de 40MW cada”, explicou.

O consumo de energia per capita não para de aumentar, no mundo todo e, especialmente, nos BRICS, sendo um dos indicadores de qualidade de vida, esclareceu a professora. “Pode-se dizer que energia é um tema de pesquisa e investimento que nunca se esgota”, complementa. “Contudo, os problemas a serem resolvidos também nunca se esgotam, pois cada nova fonte representa novos desafios, a eficiência dos processos deve ser maximizada. Afinal, a competição é a alma do mundo dos negócios e, por último e mais importante, as exigências e desafios ambientais são cada vez maiores”.

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