Nessa quarta-feira, 23/4, aconteceu um talk sobre “Equidade de gênero e comércio justo no sistema da moda” no Campus Porto Alegre. O evento faz parte das comemorações da Semana Fashion Revolution, movimento mundial que busca transformar a forma como a moda é pensada e produzida. A atividade foi promovida pelo curso de Moda que é apoiador da causa.
Para a professora do Programa de Pós-Graduação em Design, Karine Freire, o debate é de fundamental importância. “Somos uma instituição jesuíta com valores humanistas e de causas sócio ambientais que são totalmente coerentes com o que movimento propõe. A produção globalizada gerou lojas fast fashion desconectadas do mundo inteiro, produzindo roupas baratas que não contemplam custos ambientais, sociais e humanos ligados a esses processos que padronizam as pessoas, gostos e cultura”, explicou.
Na abertura do evento, Karine ainda destacou alguns pontos a serem discutidos como a poluição do planeta, preço justo, situação de trabalho análogo à escravidão e igualdade de gênero. Os assuntos foram abordados pelos debatedores: Maria Fernanda Bermudez, secretária adjunta da pasta da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado do Rio Grande do Sul; Ananda Borges, do Instituto Soleil de Pesquisa – INSPE; e Luiz Inácio Gaiger, pesquisador do PPG de Ciências Sociais.
Maria Fernanda destacou a importância do tema nas políticas públicas. “O que a gente precisa fazer enquanto poder público é gerar negócios. Nós temos que criar um ambiente na nossa cidade, no nosso estado, que seja capaz de alavancar pessoas e negócios. Para ser visto pelo mundo como um exemplo de desenvolvimento. Temos que quebrar paradigmas, pensar coletivamente”, ressaltou.
Para Luiz Inácio é importante um olhar de conhecimento cientifico produzido dentro da academia sobre o sistema justo. “Para conferir status, as pessoas pagam fortunas e isso alimenta muitas vezes o trabalho escravo. Um paradoxo nessa economia”, afirmou. Dentro do tema, Ananda apresentou um mapeamento sobre a economia criativa de Porto Alegre.
De acordo com Karine, a maior parte do processo do setor da moda é fabricado por pessoas e não máquinas, e é necessário perceber que precisa ser valorizado com condições justas e dignas. “As roupas devem ser idealizadas para todas e todos. Estimulamos que os alunos pensem: Que tipo de moda é essa que estamos produzindo?, sem esquecer que moda também é cultura”, concluiu.
A ideia do talk foi apresentar para o público presente modos mais sustentáveis de consumir moda no Estado, onde a dignidade do trabalho, a equidade de gênero e o meio ambiente sejam preservados.
Fashion Revolution
O marco do Fashion Revolution ocorreu no dia 24 de abril de 2013, com uma tragédia causada pelo desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, que abrigava diversas confecções. Mais de mil trabalhadores morreram e mais de 2500 ficaram gravemente feridos. O desastre fez com que a população mundial olhasse com mais atenção para cadeia de produção da moda e para as pessoas por trás das roupas que vestimos. Foi nesse contexto que o Fashion Revolution nasceu, questionando e discutindo os impactos da indústria na vida das pessoas e lutando por uma transformação no mercado da moda.
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