Assim elas se veem hoje: independentes. A portas fechadas, quatro mulheres acima de 40 anos compartilham questões vinculadas a situações familiares, experiências com violência, problematização do lugar da mulher, desafios da maternidade hoje. O grupo é acompanhado por duas estagiárias de Psicologia, sob a supervisão da psicóloga e professora do curso, Lígia Hecker. Em grupo, reflete-se sobre o singular e o comum para trabalhar caminhos que ressignifiquem experiências traumáticas e construam novos jeitos de viver. Todas as segundas-feiras, o desabafo, a compreensão e a ajuda têm hora marcada. Com a sessão de terapia do PAAS, a ideia de fragilidade que antes as povoava torna-se passado com o apoio do grupo.
Segundo Patrícia Oliveira, estagiária do programa, a prática clínica, seja ela vivenciada no processo individual ou grupal, requer sensibilidade para aprender coisas novas, escutar e acolher as pessoas que chegam com pensamentos e experiências próprias. Ter um espaço que as acolha e as ouça em sua singularidade, podendo perceber suas fragilidades e desenvolver suas potencialidades, demonstra-se agregador. “Atuar no grupo de mulheres é poder encontrar-se no outro por meio de suas histórias e poder construir outros espaços de expansão da vida, para enfrentar a realidade que lhes é posta”, destaca.
A promoção da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida é o objetivo do programa de Atenção Ampliada à Saúde (PAAS), que atende pessoas em situação de vulnerabilidade ou risco social. O programa atua como um Serviço-Escola, integrando professores, técnicos, funcionários e estagiários de Psicologia. Entre as principais atividades do PAAS estão acolhimento permanente; acolhimento institucional; acolhimento das práticas jurídicas; atendimento individual ou grupal; interconsultas; fisioterapia; e assessoria aos serviços da Rede de Saúde, Educação e Assistência Social de São Leopoldo e demais projetos do Centro de Cidadania e Ação Social da Unisinos (CCIAS). Em 2016, o programa atingiu um total de 4.191 atendimentos.
“Viemos aqui e tiramos os problemas do dedão do pé até a cabeça. Eu gosto muito.” Mariazinha, paciente há 4 anos.
“Depois de entrar no grupo, emagreci 20 kg, me separei e estou namorando de novo. Dei a volta por cima. Me sinto mais forte.” Maria Rosane, paciente há 2 anos.
“Eu tinha um problema no joelho e fui buscar ajuda na fisioterapia. Foram eles que me encaminharam, por ser uma dor que afetava também meu lado psicológico. Agora, não sinto mais dor mesmo.” Ilma, paciente há 2 anos.
“Eu estava com problemas em casa e decidi participar do grupo para renovar as minhas histórias. Estou me desenvolvendo mais. É uma ajuda que, quando vemos, influencia depois. Perdi até o medo de dirigir. Conquistei mais autonomia.” Valmira, paciente há 1 ano.
*Esta matéria foi produzida em 2017 e refere-se ao Balanço Social 2016.