Listas de músicas e vídeos são parte da vivência cultural na Internet, mas hoje as playlists são também uma oportunidade para as marcas construírem a experiência do consumidor. O coordenador do curso de Produção Fonográfica da Escola da Indústria Criativa, Frank Jorge palestrou a respeito em mais uma atividade do Conecta+ na última sexta-feira (17).
O docente, que também faz parte da cena musical de Porto Alegre desde os anos 80, começou falando sobre como se montam essas listas, já que o conceito é de conhecimento geral. Para Frank Jorge, a curadoria é indispensável para uma boa playlist. “As pessoas tendem a associar esse termo a exposições de artes visuais. Entretanto, nós sofremos curadorias de todo tipo em toda a nossa formação”, explicou.
Essas triagens passam por questões que vão desde o local de nascimento até as nossas conexões sociais atuais. Afinal, quem nunca descobriu uma música nova ao ver o que um amigo ouviu em uma plataforma de música digital como o Spotify?
Após estes conceitos apresentados, o professor aproveitou para apontar as raízes históricas da playlist. Ainda no final do século XIX, a primeira jukebox foi inventada por William S. Arnold. Mas até aí, os primeiros dispositivos tocavam apenas uma música com a inserção do crédito, sem a possibilidade de escolha. No século XX elas se tornaram populares com as máquinas Wurlitzer, que tinham a opção de selecionar diferentes músicas a cada modelo.
Mais tarde, as fitas K-7 e as próprias rádios FM constituíram modelos de playlists. Os sets de cada estação têm em torno de 40 músicas, que repetem em diferentes momentos do dia. As K-7, por sua vez, permitiam que ouvintes gravassem o que quisessem, misturando artistas, gêneros e tempos. “Ainda existem as coletâneas, unindo músicas do mesmo artista ou que tocam em determinado contexto. A trilha sonora de uma novela, por exemplo, é uma coletânea”, afirmou o coordenador.
De acordo com Frank Jorge, a quantidade de diferentes plataformas de divulgação (YouTube, iTunes, Spotify, Deezer, apenas para citar as mais famosas) são tantas que hoje a distribuidora digital é uma realidade. “Você se cadastra junto a ela e a distribuidora se encarrega de mandar a tua música para plataformas com os mais diferentes alcances”, apontou.
Além disso há as empresas que trabalham com a criação de playlists empresariais. “Quem nunca entrou numa loja, num supermercado, e prestou atenção na música que toca lá? É possível fazer a associação da música com o ambiente, o que complementa a experiência de compra”, lembrou o coordenador. Esse trabalho pode ser parte da estratégia de branding da marca, e realizado tanto por profissionais da área da Comunicação como jornalistas, relações públicas e publicitários como por pessoas com formação musical. “Esses profissionais têm senso crítico e sensibilidade para fazer isso”, acrescentou.
Ao final da transmissão, Frank Jorge apontou dicas para quem quer fazer da construção de playlists algo mais que a recomendação de músicas para os amigos, mas uma habilidade profissional. “É necessário se dedicar a conhecer e ampliar repertório. Prestar atenção além da voz, perceber como a melodia e os instrumentos mexem com os sentimentos.” Também foram compartilhadas dicas de exercícios de playlists para quem quer exercitar a prática.