Com o objetivo de transformar a realidade por meio do conhecimento, o projeto Chance auxiliou diversas pessoas egressas do sistema prisional e de medidas socioeducativas, além de seus familiares. Ao longo do último ano, atuou na promoção de atividades com grupos de estudo, atendimentos individuais, debates e seminários. O coordenador do Chance, Alexandre Dargél, conta que houve mudanças e adaptações nas ações realizadas. “Passamos por um período de ressignificação, pautado por inseguranças quanto ao estado dos nossos usuários devido à falta de contato com o serviço. Planejamos, então, atividades remotas com o objetivo de entrar em contato com o público em geral, para que pudéssemos ampliar o debate do encarceramento em massa e dos Direitos Humanos”, explica.
Com as mudanças, foram desenvolvidas novas atividades semanais, como o Grupo de Estudos Chance: Psicologia, Direitos Humanos e Encarceramento. A ação proporcionou debate sobre diferentes temas e a realização de leituras coletivas. O projeto ainda criou o Cine+Debate Chance com realização mensal. O espaço oportunizou a discussão sobre filmes e séries voltadas à temática do cárcere. Na opinião de Alexandre, as atividades foram positivas e inspiradoras. “Isso nos motivou a pensar em um evento anual do projeto, no qual proporíamos debates sobre temas relacionados à realidade do serviço”, conta. A ideia deu origem ao I Ciclo de Encontros Chance que ocorreu no dia 24 de novembro de 2020 em todos os turnos. O evento contou com a participação de debatedores de diversos locais do país e mediadores da própria equipe. O público teve ainda profissionais das áreas da saúde, do direito e do serviço social, além de alunos da Unisinos.
A organização das ações possibilitou atendimentos, de forma virtual, considerando a atenção em relação à situação de acompanhamento do público atendido. O coordenador avalia que, diante dos desafios impostos, o Chance conseguiu atender às demandas e solicitações que chegaram ao projeto. Além dos atendimentos, os eventos online ajudaram a compor a prática do projeto enquanto serviço à comunidade. Além disso, Alexandre explica que, através das atividades remotas, foi possível ampliar o conhecimento e atingir um maior número de pessoas com o trabalho desenvolvido. “Mesmo com os desafios impostos pela realidade do isolamento social, foi possível que o projeto atingisse o público-alvo e um público mais geral que, antes da pandemia, por exemplo, não era algo facilmente realizável por conta de diferentes localizações e horários”, completa.
Em 2020, o projeto atendeu 17 pessoas, realizou 46 atendimentos online e 90 indivíduos foram assessorados por meio dos eventos virtuais. O Chance proporciona um espaço de aprendizado, escuta, acolhimento e ação. Além disso, mantém parcerias com diferentes entidades como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), entre outros serviços. Alexandre ressalta a importância dessas parcerias no trabalho realizado. “Desse modo, a relação do serviço com a rede regional proporciona um cuidado transdisciplinar para com os sujeitos apesar da pandemia e de seus obstáculos”, afirma. O projeto tem como objetivo principal auxiliar as pessoas que, inicialmente, foram privadas da liberdade no retorno de suas vidas ao mundo livre.
Esta matéria foi escrita em meados de 2021, referente ao Balanço Social 2020.