“Imagina um pacote de arroz de cinco quilos em cima da tua cabeça, pensa como é carregar esse peso todos os dias, para todos os lados.” Foi com essa alegoria que o PAAS convenceu Dulce Fischer a seguir as orientações que a fariam emagrecer mais de 20 quilos em menos de dois anos – de 122kg para 100kg.
Dulce passava por um momento difícil quando conheceu o projeto por indicação da filha. “Eu não tinha uma roupa que servisse direito e andava muito deprimida”, recorda. “Fazia dietas loucas para emagrecer, mas, quando via, estava ainda mais gorda.” Frustrada, ela procurou o PAAS em busca de atendimento nutricional e, mais à frente, fisioterapêutico.
A primeira mudança da reeducação alimentar foi “cortar” o refrigerante. Hoje, Dulce é incisiva ao afirmar que, “se não tem suco sem açúcar, que se tome água”. O feijão preparado com pedaços de carne de porco e os temperos prontos tiveram o mesmo fim.
No começo, abrir mão de certas comidas foi complicado, ainda mais porque o restante da família não aderiu à dieta, mas Dulce se adaptou. “Eu queria aquilo e cheguei à conclusão de que me alimentaria direito mesmo tendo que preparar outras opções para quem não quisesse”, relata.
Refogados, saladas e sementes, que antes eram pouco vistos nos pratos da casa, tornaram-se constantes. Só de pensar no que comia antes, Dulce sente repulsa; diz que não consegue mais se alimentar daquela forma. “Um carboidrato já está bom”, pontua.
Movimento
Dulce sempre lidou com o excesso de peso. Criada no interior, lavrou terra com carro-de-boi. Mais tarde na vida, trabalhou cuidando de idosos. “Como eu era grande, me responsabilizava pelos mais pesados”, conta. Tanto se esforçou que, por volta dos 40 anos, já tinha sido diagnosticada com a estrutura óssea de uma pessoa de 80. Logo precisaria de uma cadeira de rodas.
Chegando no PAAS, foi orientada a caminhar. Como as ruas perto de casa possuíam muitos declives, ia de ônibus até o centro de São Leopoldo e fazia a caminhada dentro de um ginásio. Uma volta, duas, logo estava correndo; mas nem tudo ia bem.
“Muito eu caminhei e corri chorando de dor. Quando falei isso no PAAS, me mandaram parar de correr, continuar só caminhando. Eu não respeitava o meu limite. Só pensava em emagrecer, mas não me preocupava com minha estrutura óssea”, comenta.
Persistência
O que nunca faltou para Dulce foi persistência. Certa de que conseguiria atingir seus objetivos, ela impôs a si mesma certas restrições, substituiu hábitos e mudou a rotina. Está satisfeita de ter chegado até aqui e segura de que vai perseverar. “Não tenho palavras para o PAAS. Para mim, é tudo. Se eu hoje eu sei me regrar, é porque aprendi com as meninas do projeto”, conclui.
Assim como Dulce, que “se livrou de quatro pacotes de arroz de cinco quilos”, outras pessoas encontram no PAAS a solução para uma vida mais saudável. Além de prestar serviços na área da saúde, a iniciativa constitui um espaço de aprendizado e prática acadêmica dos cursos de Enfermagem, Nutrição e Psicologia, ou seja, é benefício para todos os lados.
Esta matéria foi realizada em meados de 2016, referente ao Balanço Social 2015.