Um projeto de Design Estratégico, desenvolvido pela Escola da Indústria Criativa em parceria com a Escola de Saúde da Unisinos, promove o bem-estar para crianças em tratamento do câncer em Porto Alegre e na Região Metropolitana.
A pesquisa, intitulada “Design estratégico para a promoção do bem-estar da criança em tratamento do câncer”, reúne docentes, graduandos, mestrandos e doutorandos do Design e da Psicologia da Unisinos, que desenvolvem soluções para humanizar o tratamento do câncer de crianças de 6 a 12 anos. O trabalho, que começou no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, hoje segue sendo realizado na ONG AMO Crianças, de Novo Hamburgo.
Segundo o coordenador do projeto e professor da Escola da Indústria Criativa da Unisinos, Leandro Tonetto, a criança vive o tratamento do câncer como uma experiência muito agressiva: “Elas não entendem e têm muita dificuldade em dar sentido para o que está acontecendo”, ressalta. Para melhorar a experiência das crianças durante o tratamento, são usados brinquedos e intervenções nos ambientes para que eles se tornem mais lúdicos e atrativos.
O processo é dividido em três etapas: a primeira é estimular o bem-estar das crianças através das soluções de design estratégico; a segunda, considerada a mais difícil pelo coordenador da pesquisa, é de inibir as experiências negativas; e a terceira é estimular a satisfação com a vida de forma geral, fazendo com que a criança entenda a situação que ela está vivendo e que ela pode ter momentos de diversão mesmo durante uma fase complicada.
Durante os momentos mais intensos de pandemia, o trabalho teve de ser ressignificado. Remotamente, as crianças passaram a interagir com os pesquisadores através de chamadas de vídeo, nas quais eram realizadas brincadeiras dirigidas: “Criamos uma caixa com materiais criativos e um tablet. A criança recebe a caixa e se conecta via tablet conosco e fazemos uma brincadeira dirigida. Gravamos o conteúdo e dali saem as análises”, destaca Leandro, que comentou que as crianças gostaram bastante da iniciativa.
A partir dos insumos coletados, a pesquisa é desenvolvida e os resultados são aplicados no dia a dia do tratamento dos pacientes. O projeto, que iniciou em 2017, tem prazo para encerrar em 2024, mas o coordenador reforça que o objetivo sempre foi a implementação na prática: “Na Unisinos, temos a ideia de ter uma entrega para a sociedade, não gerar apenas reflexões que não sejam aplicadas”, afirma.
O trabalho de Leandro Tonetto e dos pesquisadores da Unisinos já foi reconhecido, com sete artigos publicados, sendo cinco deles em revistas internacionais. Além disso, o projeto conta com financiamento da CAPES, CNPq, apoio da Harvard Medical School e colaboração com a Georgia Institute of Technology – GeorgiaTech (EUA), Atrium Health (EUA), UFCSPA e UFRGS.