Projeto da Escola de Saúde pretende estudar a frequência, as barreiras de acesso e os perfis de vulnerabilidade da vinculação e de diferentes padrões de retenção de pessoas infectadas pelo HIV em serviços públicos de saúde de Porto Alegre e da Região Metropolitana, assim como analisar os efeitos de tecnologias de saúde que visam reduzir esses eventos no contexto brasileiro. Intitulado como Vinculação e retenção de pessoas com HIV em serviços públicos de saúde: um projeto demonstrativo na Região Metropolitana de Porto Alegre, RS, Brasil, o Projeto é coordenado pela professora Maria Leticia Ikeda.
A coordenadora explica que foram implantados pelo projeto 4 ambulatórios de vinculação de pacientes, sendo 3 em serviços existentes em Porto Alegre e 1 em Viamão. “Os ambulatórios contam com bolsistas que são de formação: médicos, enfermeiros, agentes de vinculação e coletor de dados”, completa.
Em maio de 2024, em razão da enchente ocorrida no RS que afetou grande parte da população, o projeto disponibilizou uma ação emergencial com: doação de insumos de saúde, apoio ao transporte de Terapia Antirretroviral e deslocamento de equipes de saúde, apoio ao atendimento de Pessoas Vivendo com HIV – PVHIV e fornecimento de cartões-alimentação.
A equipe do projeto fez atendimentos em abrigos localizando PVHIV e dando suporte e cuidados além de manter o tratamento antirretroviral; foram contratados motoboys para entrega de tratamento no domicílio e em abrigos, adquiridos e disponibilizados insumos de saúde para a Secretaria Municipal de Saúde utilizar em APS e abrigos, transporte para os bolsistas manterem os atendimentos. “Entre os insumos também foram distribuídos materiais para dignidade menstrual sabonetes e absorventes, além de terem realizado ações de educação entre populações vulneráveis”, afirma Ikeda.
Além do impacto imediato pelos atendimentos já ocorrendo, as ações de testagem itinerante e a ação humanitária da enchente, foram observados impactos na organização dos serviços.
“A médio-longo prazo podemos, ao identificar as barreiras de adesão e avaliar as melhores maneiras de reduzirmos estas barreiras, termos menos perda de seguimento e por consequência pessoas vivendo com HIV em tratamento, o que implica em redução da transmissibilidade do vírus e impactos nos indicadores epidemiológicos da região”, completa Maria Leticia.
Segundo a coordenadora, o impacto mais significativo já foi sentido no sítio Viamão, onde houve evidente redução de mortalidade e o município que já esteve entre os 10 piores no Ranking do Índice Composto de HIV este ano ficou em 44º lugar do Ranking. “Este é um dos resultados mais expressivos do projeto até o momento”, celebra.