Em função da pandemia do novo Covid-19, a Universidade de Santiago do Chile lançou o Kuntur: Ampliando las Fronteras de la Ingeniería, um programa que tem o objetivo de incentivar a discussão estudantil sobre a prática da Engenharia em contextos interculturais. A atividade, que tem início previsto para o dia 5/11 novembro, será realizada a partir de um ciclo de seis encontros virtuais, que contarão com a participação de estudantes ibero-americanos de cursos de graduação de Engenharia de diferentes universidades.
Segundo a professora Tatiana Rocha, que coordena os cursos de Engenharia de Materiais e Engenharia Biomédica, da Escola Politécnica, as atividades acadêmicas, na modalidade virtual, oferecidas pela universidade aos estudantes estrangeiros, permitem a discussão sobre a prática da Engenharia em contextos interculturais e a construção de conhecimentos interdisciplinares, além da compreensão do contexto da profissão em países da região ibero-americana. “De 5/11 a 10/12, acontecerão encontros online e debates sobre o tema do programa, com mentoria de profissionais. Esse tipo de evento contribui para formação dos estudantes, principalmente, pela possibilidade de trabalhar com diferentes culturas, isso amplia a forma dos estudantes de enxergarem a Engenharia e a forma de pensar a área, além de formar um networking que vai fazer uma grande diferença na vida profissional deles”, explica.
De acordo com Tatiana, que trabalha como articuladora da parte de internacionalização das Engenharias da Universidade, é muito importante para a Unisinos ter sido convidada para participar desse evento específico, e para os alunos essa oportunidade será um diferencial para uma formação acadêmica mais global. “Esse convite é resultado de uma rede que a gente vem trabalhando, que começou com uma aproximação com a Alemanha, em 2018, e, no ano passado, a gente ampliou fazendo o Moving the City, o que ampliou a nossa rede em função de parceiros que os nossos parceiros alemães já tinham aqui na América do Sul e América Latina. Essa universidade do chile, que nos convidou para participar do programa, nós conhecemos através dos nossos parceiros alemães”, destaca.
Sustentabilidade como lema
Gabriela Scheufler Taeg, estudante de Engenharia Civil, foi uma das selecionadas para integrar o programa. A aluna conta que, desde 2018, tem se interessado muito pelo tema da sustentabilidade. “A construção civil causa um impacto significativamente grande no ambiente onde vivemos, no entanto, no Brasil, não temos uma real preocupação com o tema, devido à disponibilidade de matérias primas e a questões políticas e econômicas. Mas no restante do mundo, existem esses questionamentos, principalmente, de como podemos diminuir esses impactos ambientais, e o programa Kuntur será composto de seis encontros focados nessa temática”, destaca.
Há dois anos que Gabriela pensa na possibilidade de fazer intercâmbio e, durante suas pesquisas, se interessou pelo Chile, por causa da escassez de recursos naturais no país. “Muitas disciplinas, durante a graduação de Engenharia, são focadas em uso de energias alternativas e pesquisas para diminuir os impactos ambientais da construção, com isso pretendo absorver o máximo possível de conhecimento sobre o tema através das atividades propostas”, afirma.
A estudante acredita que participar do Kuntur irá contribuir para a sua formação profissional. “A construção civil ainda é muito tradicional no Brasil, mas novas tecnologias que melhoram desempenho, diminuem impactos ambientais e custos estão surgindo cada dia mais no mercado, pelos trabalhos de conclusão dos cursos, em especial das Engenharias, conseguimos identificar uma demanda tanto de empresas nacionais quanto internacionais sobre isso e deveremos nos preparar”, enfatiza.
Troca de experiências como foco
Vitória Walter Klering, aluna dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo, é presidente da Federação Nacional dos Estudantes de Engenharia Civil (FENEC) e da Secretaria de Relaciones Públicas da Asociación Latinoamericana de Estudiantes de Ingeniería Civil (ALEIC). Ela conta que se inscreveu no programa porque acredita que a troca de experiências entre estudantes, de diversos países, é muito importante para o desenvolvimento de novas ideias e para a busca de soluções para problemas globais. “Espero poder levar minhas experiências como estudante de Engenharia, contribuindo com o diálogo entre os estudantes e focando nos temas propostos, todos muito interessantes e atuais”, afirma.
Para Vitória, poder comparar realidades e dividir conhecimentos com outros alunos de Engenharia de vários países é uma oportunidade incrível, que se complementa com a possibilidade de aprender com especialistas de fora do país, o que contribui muito para sua formação profissional. “Nada melhor do que poder compartilhar experiências com alunos de outras Engenharias e de outros países, juntamente com especialistas nos assuntos propostos para debate. Hoje, além dos conhecimentos técnicos, exige-se que os estudantes de Engenharia tenham um bom networking e estejam atentos ao desenvolvimento internacional de pesquisas e tecnologias. Vai ser interessante poder compartilhar a realidade que temos, aqui na região, com outros estudantes de outras Engenharias, falando de temas que fogem da construção civil”, comenta.