O mercado de trabalho mudou com a digitalização. O simples ato de pedir comida ou um táxi tornou-se muito mais fácil: basta que você tenha um smartphone com acesso à internet. Seja porque querem mais autonomia no emprego ou por ser a única alternativa de renda possível, muitas pessoas têm migrado para os trabalhos por plataforma. No Brasil, 32,4 milhões de pessoas são trabalhadores de aplicativos, dos quais 11,4 milhões entraram na área após o início da pandemia da Covid-19.
Apesar de facilitar a vida do consumidor, as implicações para o mercado e para os próprios trabalhadores são preocupantes. Baixos salários, condições precárias de trabalho e a falta de legislações são alguns dos problemas enfrentados por essa parcela da população. Este é o tema do projeto da Fairwork Foundation, dirigido por Mark Graham. O professor de Geografia da Internet no Oxford Internet Institute visitou o campus São Leopoldo da Unisinos no dia 10 de janeiro para falar sobre o futuro da pesquisa no Brasil.
O Fairwork tem por objetivo evidenciar as melhores e piores práticas na economia de plataformas em países de todo o mundo. Além disso, pensa em princípios globais para um trabalho mais justo na economia de plataforma. A iniciativa está presente em 26 países e é realizada por 22 pessoas, incluindo trabalhadores, sindicatos, plataformas e formuladores de políticas públicas. Em seu site, o Fairwork se define como “uma forma de imaginar uma economia de plataforma diferente e mais justa do que a que temos hoje”.
O objetivo da visita à Unisinos é estreitar relações com a universidade de Oxford e falar sobre a possibilidade de financiamentos no Brasil. As próximas etapas do projeto envolvem o lançamento de relatório em março, as possibilidades de impactos em políticas públicas e a possível organização do simpósio mundial do projeto na Unisinos. Para Rafael Grohmann, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Comunicação (PPGCom) da Unisinos e coordenador do Fairwork no Brasil, a visita de Mark significa a possibilidade de incluir os princípios do projeto em políticas públicas. “Isso significa uma articulação entre o global e o local, em uma perspectiva de internacionalização de um projeto tem impacto na nossa realidade local, na nossa comunidade”, explica.
Saiba mais sobre o projeto Fairwork
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Parceria com a Unisinos
No Brasil, o projeto Fairwork é executado a partir de um acordo de cooperação firmado com a Unisinos e desenvolvido pelo DigiLabour. As condições de trabalho por plataforma no país são analisadas a partir dos princípios firmados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). São analisados contratos, remunerações, condições de trabalho, gestão e representação da classe.
A parceria entre Oxford e Unisinos representa o avanço da perspectiva interdisciplinar da produção de conhecimento na área, segundo Rafael. “Sinaliza a possibilidade de um intercâmbio mais forte para outros países, pois estamos na Ásia, na África, na América Latina, na Europa. Oxford também tem a intenção de que nós organizemos aqui no Brasil, no fim do ano, um evento presencial com todos os 26 países – seria um oportunidade única para realmente conversarmos”, conta.
Em seu site, o DigiLabour afirma que a partir dos parâmetros Fairwork objetiva-se “construir mecanismos de pressão junto às empresas de plataformas, no sentido de construir outros cenários possíveis para o trabalho em plataformas no país”. O Fairwork Brasil conta também com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de São Paulo (USP).