O professor da Escola da Indústria Criativa, Anderson Carnin, foi anunciado como um dos vencedores da 12ª edição do Prêmio Professor Rubens Murillo Marques, da Fundação Carlos Chagas. A iniciativa tem como objetivo valorizar e divulgar experiências formativas propostas e realizadas por docentes dos cursos de licenciatura na formação de professores para a educação básica.
Com o projeto Práticas de ensino de Língua Portuguesa em tempos de Covid-19: universidade e escola em diálogo, desenvolvido na Graduação em Letras da Unisinos, Anderson destaca que, para ele, o prêmio tem muitos significados. “O primeiro, é ratificar, pública e ampliadamente, o compromisso e a qualidade com a formação de professores/as de língua portuguesa que desenvolvemos aqui, na Unisinos, em nosso Curso de Letras. Trata-se de um curso bastante tradicional, que está na base da formação de nossa instituição como Universidade.”
Um segundo significado importante para o professor é ter sua proposta de ensino legitimada por uma instituição como a Fundação Carlos Chagas (FCC), um importante espaço de pesquisas sobre a educação brasileira. “Isso sintetiza um pouco, também, da importância do prêmio. Formar professores/as para a Educação Básica é um desafio. Ter meu projeto de ensino reconhecido como um, dentre os que concorreram neste ano, digno de reconhecimento público, consolida o espaço da pesquisa, do ensino e da formação de professores/as produzida aqui como um trabalho reconhecido externamente e valorado positivamente”, salienta.
Sobre o projeto
Anderson explica que esse é um projeto de ensino, ligado à atividade acadêmica de Laboratório de Ensino de Língua Portuguesa, ofertada pelo curso de Letras. “É um projeto que sistematiza um percurso para formação inicial de professores de língua portuguesa desde o ponto de vista da elaboração de projetos de ensino para turmas da Educação Básica, com base em uma proposta didática desenvolvida aqui mesmo na Unisinos, por colegas do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, os chamados ‘projetos didáticos de gênero’”.
O professor lembra que o projeto teve início em maio de 2020, no início da pandemia de Covid-19 e migração das aulas da Unisinos para a modalidade de ensino remoto emergencial. “Naquele semestre, em específico, vivíamos muitas incertezas, tanto pelos contornos que a pandemia estava assumindo – inclusive grande número de mortes – e aceleradas mudanças no contexto educacional, a fim de mantermos os vínculos com os/as estudantes e coconstruirmos outras formas de ensino para além da presencialidade física”, recorda.
A ideia veio a partir da percepção de que, na formação inicial de professores da área de Letras, o diálogo com a escola, essencial e vindo de uma longa tradição calcada na presencialidade física, estava, naquele momento, muito prejudicada. “Várias redes de ensino ainda estavam se adaptando ou produzindo formas de trabalho para o período de distanciamento social que não necessariamente coincidiam com o cronograma do semestre letivo da Unisinos. De forma a atenuar essas diferenças, no sentido de permanecer dialogando fortemente com a escola na formação de jovens professores/as, foi que surgiu a ideia desse projeto”, conta.
A partir da inquietação e do compromisso em formar professores de língua portuguesa capazes de fazer uma qualificada leitura de contextos escolares e seus diferentes atores, para guiar seu trabalho de ensino, é que o professor teve a ideia de não mais exigir que os licenciados fossem à escola. “Naquele semestre (e nos seguintes), foram professoras/es da rede pública que vieram até nós. Essa experiência foi transformadora, pois, nas palavras de uma das professoras que participou dessa atividade ‘foi a primeira vez que pude ir à universidade para dizer o que sei, não apenas para ouvir o que os outros sabem’. Dessa interlocução, autêntica, interessada e genuína que nasceu o projeto, culminando, posteriormente, numa proposta de trabalho que sistematiza a experiência de formação de professores/as no e para o ensino remoto emergencial”, enfatiza.