Cidade, movimentada ao som de uma reunião de ruídos dissonantes que estressam, abalam e, por fim, desnorteiam. Um cenário urbano caótico. O ballet, por sua vez, uma dança de movimentos precisos, graciosos, que se movem ao som de música clássica, harmoniosa, complexa, mas que ordena, acalma, pacifica a alma. Um cenário teatral artístico. Franciele Feijó, aluna da graduação em Relações Públicas, quis chocar essas duas realidades ao pensar em um tema para a disciplina de Fotografia.
É um tópico que já foi explorado de algumas maneiras, mas Franciele quis quebrar ainda mais esse paradigma. “É um tema que acho interessante, pois a maioria dos projetos de ballet urbano procuram ambientes com toques mais clássicos – que não dão aquele choque de troca de ambiente”, conta a aluna. Com orientação da professora Márcia Molina, a estudante produziu imagens que confrontam as duas realidades.
Não por menos, a série de imagens produzidas por Franciele será exposta na Galeria Cultural Mário Quintana, nos túneis de acesso da estação Mercado da Trensurb. Em meio ao movimento randômico de passageiros, o público poderá conferir, entre 12 de janeiro a 27 de fevereiro, os quatro painéis com as fotos de Franciele. A exposição “Ballet Urbano” é individual, logo de cara, em uma galeria movimentada. “A Trensurb busca oferecer opções culturais diversas aos usuários do metrô, indo além da galeria, com projetos como a Biblioteca Livros sobre Trilhos, o festival Arte nos Trilhos, os Poemas no Trem – em parceria com a Secretaria de Cultura de Porto Alegre, além de ceder seu espaço para a realização de projetos de terceiros. A galeria possibilita, ainda, a divulgação do trabalho de fotógrafos e artistas diversos, consagrados ou iniciantes”, explica Kauê Menezes, organizador da exposição.
Quem passar por lá e conferir as imagens, talvez não acredite, mas esse foi um trabalho de uma iniciante na fotografia. “Realmente foi meu primeiro contato com a câmera profissional e com as técnicas, eu sempre gostei de fotografar, mas descobri, em aula, que era uma paixão que quero levar para a vida”, conta. A inspiração é de nível alto: “Primeiro quero experimentar algumas áreas que ainda não tive a oportunidade de fotografar; mas pretendo seguir na artística, pois me encantei muito com o trabalho de Annie Leibovitz, como as criações que ela fazia em cima de cenas históricas ou da literatura.”
A Galeria é um espaço de todos
O espaço onde as fotos de Franciele serão expostas é aberto e recebe trabalhos de fotógrafos iniciantes a profissionais. Nomes como Cristiano Estrela, Luis Ventura, Eurico Salis, Eduardo Liotti, Ricardo Stricher, Jean Schwarz, Elson Sempé, Jorge Aguiar, Tadeu Vilani, Caio Vilela, Leandro Selister e Marco Nedeff já apresentaram seu trabalho no espaço.
Para ter seu trabalho exposto na Galeria Mário Quintana, basta entrar em contato com a Gerência de Comunicação Integrada da Trensurb, pelo endereço de correio eletrônico sgecin@trensurb.gov.br. De acordo com a empresa, não há restrição temática e, apesar do foco ser a fotografia, outras artes visuais podem ganhar o espaço. Em 2014 foram sete exposições que duram, em média, dois meses.
Para Franciele, foi uma grande oportunidade. ‘Acho incrível. A Trensurb dá uma oportunidade ímpar para os fotógrafos para que levem para o ambiente rotineiro uma exposição. A ideia primordial é deslocar a arte para todos os públicos, no caso os usuários do trem. Realmente, é algo que me deixa muito empolgada, tanto pela divulgação quanto pela intenção”, explica.