Conexão Pesquisa debate desafios e oportunidades da inteligência artificial

Na segunda-feira (19/10) começou o Conexão Pesquisa, evento gratuito e online promovido pela Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação (UAPPG) da Unisinos.

Crédito: Rodrigo W. Blum

Na palestra de abertura, com o tema Novas tecnologias, inteligência artificial e eu, professores da universidade compartilharam com o público um pouco do que pesquisaram e pensam sobre uma área que desperta bastante a nossa imaginação.

Tanto que está muito presente na literatura, como lembrou o professor Silvio Bitencourt, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unisinos, um dos palestrantes, ao citar Eu, Robô, de Isaac Asimov; a série Odisseia no Espaço, de Arthur C, Clarke, e Máquinas como eu: E gente como vocês, de Ian McEwan.

Segundo o professor, a inteligência artificial (IA) foi desenvolvida sob a ideia de que máquinas pudessem resolver problemas reservados inicialmente a humanos e tivessem a capacidade de melhorar a si próprias.

“Se formos buscar uma definição, a inteligência artificial é a expressão de computadores que aprendem a partir da experiência, o que costuma envolver processamento de dados usando algoritmos sofisticados”, complementa.

Na ocasião, Silvio também falou sobre a participação da Unisinos na 17ª Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2020, programação que está inserida no Conexão Pesquisa. A participação da Unisinos faz parte de um projeto aprovado junto ao CNPq.

“Hoje, nós celebramos o Dia Nacional da Inovação, que foi instituído em 2010. E em 2020, outubro passou a ser oficialmente o mês nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação. É um tema essencial para o nosso dia a dia e para o futuro de todos nós”, afirma.

Desafios na regulamentação

O professor Wilson Engelmann, coordenador do Mestrado Profissional em Direito da Unisinos, foi o segundo palestrante da noite, e falou sobre a necessidade e os desafios de se regular a inteligência artificial.

Nessa área, ele defende uma perspectiva multidisciplinar, em que as Ciências Humanas e as Ciências Sociais compõem um trabalho colaborativo com as Ciências Exatas. Afinal, a motivação para regular a IA está intimamente relacionada com questões éticas.

“A valorização de perspectivas éticas é importante para o desenvolvimento das empresas, para que elas possam ser vistas como entidades que vão além da produção de lucro para seus associados”

Wilson Engelmann, coordenador do Mestrado Profissional em Direito da Unisinos

No que tange ao Direito, será preciso estabelecer novos parâmetros para uma regulamentação que não traga prejuízos. “A inovação do Direito vai ser fundamental para que a gente possa regular a inteligência artificial sem bloquear o desenvolvimento científico tecnológico e sem criar barreiras desnecessárias”, conclui.

Dois tipos de IA

Também participou da abertura do Conexão Pesquisa o decano da Escola Politécnica da Unisinos, professor Sandro Rigo, que já trabalhou com inteligência artificial em várias frentes de atuação.

Rigo trouxe uma importante diferenciação, conceituando dois tipos de inteligência artificial. Uma é a IA aplicada, composta por “sistemas que resolvem problemas em domínios muito específicos, usados desde as décadas de 1940 e 1950”.

A IA aplicada funciona de forma bastante efetiva em seu contexto. Um exemplo são os carros autônomos, uma tecnologia na qual a inteligência artificial é usada com o propósito específico de guiar os automóveis.

O outro tipo é a IA geral, que, segundo Rigo, se distanciaria da IA aplicada por se dedicar à solução de problemas gerais, atuando em múltiplos domínios, e por ser composta por sistemas híbridos, com capacidade de aprendizado e autonomia.

“Há uma polêmica muito forte e conhecida, pois vários autores enxergam um grande perigo no avanço da IA geral, mas também há vários que a enxergam como uma grande oportunidade”

Sandro Rigo, decano da Escola Politécnica da Unisinos

As questões éticas e polêmicas, no entanto, também são comuns na IA aplicada, como no exemplo dado antes. Se um carro autônomo causa um acidente, quem deve ser responsabilizado, considerando que não existe um piloto humano?

Por ser um tema polêmico, observa-se um forte crescimento nas auditorias relacionadas à inteligência artificial, em que são investigadas as origens e usos das fontes de dados usadas pelos algoritmos.

IA e educação

Finalizou a primeira noite do Conexão Pesquisa Eliane Schlemmer, professora nos programas de pós-graduação em Educação e Linguística Aplicada da Unisinos, que trouxe reflexões sobre a inteligência artificial e novas tecnologias no contexto da educação.

A professora defende que o dualismo deve ceder lugar a uma ecologia de redes, em que os métodos se complementam em vez de se anularem.

“Ao pensar em inteligência artificial na educação, a gente precisa compreender é que não se trata da substituição de uma inteligência por outra”

Eliane Schlemmer, professora nos programas de pós-graduação em Educação e Linguística Aplicada da Unisinos

Segundo ela, a inteligência da máquina pode potencializar a humana. “Ela é ótima para nos ajudar a fazer coisas repetitivas ou para nos liberar para o processo de inventividade”, defende.

Para finalizar, mostrou como a tecnologia é compatível com nosso lado humano usando o exemplo da pandemia. “Foi a tecnologia digital, uma entidade que não é humana, que nos manteve conectados.”

Sobre o Conexão Pesquisa

O Conexão Pesquisa vai até o dia 24/10, e sua programação é integrada com os eventos XXVII Mostra Unisinos de Iniciação Científica e Tecnológica; V SAEP (Semana Acadêmica da Escola Politécnica); I Semana da Extensão; e III Colóquio de Linguística Aplicada/II CompartRilhando Letras.

Confira a programação completa e inscreva-se.

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