Pesquisa investiga a concentração de microplástico na Bacia do Rio do Sinos

Estudo indica que o material está presente em alimentos e bebidas, no ar que respiramos e na água que bebemos

Crédito: Divulgação

O projeto “Microplástico e bisfenol A no sedimento, água e nos peixes no Rio do Sinos: detecção, origens e possíveis consequências para saúde pública” tem o objetivo de avaliar a qualidade da água da Bacia do Rio do Sinos, a presença de microplástico e as consequências para nossa saúde. “A pesquisa visa produzir conhecimento sobre as fontes de microplástico e os caminhos de contaminação, essenciais para futuras medidas de redução dessas partículas no meio ambiente e no metabolismo humano”, explica o professor da Escola Politécnica da Unisinos e coordenador do projeto, Uwe Schulz.

De acordo com o pesquisador, o estudo contará com a participação de uma equipe multidisciplinar que fará uma análise integrada de diversas categorias de amostras para diagnosticar as concentrações de microplástico e bisfenol A no sedimento, na água bruta e na água tratada. Além disso, o projeto vai investigar a presença dessas substâncias nos tecidos de peixes, no esgoto doméstico e nos efluentes da lavagem de roupas em máquinas residenciais de oito municípios da Bacia do Rio do Sinos, são eles: Santo Antônio da Patrulha, Taquara, Sapiranga, Campo Bom, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Esteio e Canoas. “A partir dessa pesquisa será possível avaliar o aporte de microplástico nas águas da região de estudo através do monitoramento de Estação de Tratamento de Esgotos Domésticos e estimar uma relação com bisfenol A, que é uma substância, que pode interferir em concentrações mínimas no metabolismo hormonal humano”, enfatiza o professor.

Segundo Uwe, o projeto piloto “Concentrações de microplástico em água bruta e água potável na Bacia do Rio do Sinos” mostrou a presença de partículas de microplástico ao longo do Rio do Sinos, tanto na água bruta quanto na água tratada. “Foi encontrada também a presença de microplástico em tratos digestivos de peixes em áreas distantes das aglomerações urbanas. Esses dois estudos, terminados em 2019, motivaram o projeto atual, onde o nosso foco será as consequências dessas substâncias para saúde da população”, afirma.

A primeira pesquisa apresentou a concentração média de partículas de microplástico na água bruta do Rio do Sinos de 330 partículas por litro e na água potável 106 partículas por litro. “A maior parte das partículas encontradas na água e em peixes são fibras têxteis, provavelmente de origem do esgoto não tratado de máquinas de lavar. Uma única lavagem pode soltar mais de 700 mil fibras”, destaca o professor.

O projeto contará com a participação de quatro estudantes de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biologia, que terão coorientação dos cursos de Nutrição, Engenharia Civil e Geologia. “A cooperação com vários cursos amplia o horizonte do mestrando, aumenta a capacidade integrativa do aluno, mostra métodos de análise específicos das diferentes áreas e diferentes padrões de pensamento científico”, ressalta Uwe.

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A pesquisa sobre a presença de microplástico no meio ambiente e em alimentos ainda está na fase inicial. O projeto foi encaminhado para um edital do CNPq e, caso seja aprovado, os primeiros resultados serão conhecidos em junho de 2021. “O microplástico é onipresente no ar que respiramos, em alimentos e bebidas e na água. Microplástico é um vetor para uma mistura complexa de poluentes químicos associados que, via ingestão, mostram perturbações no funcionamento do sistema endócrino de vários animais. Considerando a similaridade desses com o metabolismo humano, existe uma probabilidade alta, que esses efeitos também ocorram em seres humanos”, finaliza.

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