Pesquisa, comemoração e Instagram

15º Colóquio de Moda teve show e palestra com a convidada Joanne Entwistle

Crédito: Dani Villar / Assessoria Fotográfica

A Unisinos realizou na noite do último domingo, dia 1º de setembro, a abertura oficial do 15º Colóquio de Moda. A abertura ocorreu no Teatro Unisinos, junto à Unisinos Porto Alegre. O evento, que vai até o próximo dia 4, quarta-feira, tem abrangência nacional no campo da pesquisa científica nas áreas do Design e da Moda, sendo realizado a cada edição em uma universidade diferente. Simultaneamente, ocorrem também o 14º Fórum das Escolas de Moda Dorotéia Baduy Pires e o 6º Congresso Brasileiro de Iniciação Científica em Design e Moda.

Na abertura da 15º edição, as comemorações começaram na fala de diversas autoridades entre os organizadores do evento. Kathia Castilho Cunha, presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Moda (Abepem) apontou a importância do tamanho do cenário de desenvolvimento na área no país. Hoje, no Brasil, há 292 escolas de Ensino Superior em Moda. “Temos que lembrar que estamos fortes frente à quantidade de desafios que as pessoas nos fazem quando nos perguntam o porquê de estudar e pesquisar sobre moda”, afirmou.

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A vice-presidente da Abepem e presidente do Fórum das Escolas, professora Maria de Fátima Mattos, agradeceu à Unisinos pelo encontro e celebrou a união de esforços para ter os três eventos em simultâneo. Para ela, o Fórum das Escolas é uma reunião importante para pensar a educação em moda no Brasil.

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Depois disso, foi dada a palavra para o presidente do Congresso Brasileiro de Iniciação Científica em Design e Moda, Marcelo Martins. Após agradecer aos alunos, aos docentes e à organização, o professor apontou que a Iniciação Científica da área aborda justamente temas sensíveis e importantes como raça, gênero, economia sustentável, etc. “Estes trabalhos atendem ao que algumas pessoas consideram, em 2019, uma ‘balbúrdia’. Eu quero que vocês sejam bem-vindos a essa balbúrdia”. A fala foi recebida com entusiasmo da plateia que lotou o teatro.

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Falou também a presidente do Colóquio, Cyntia Tavares Marques de Queiroz. A pesquisadora lembrou que o evento amplia não somente a sua abrangência, mas também a força de cada docente e aluno que atua nele. “Força e acolhimento são características daqui do Rio Grande do Sul. São também características de espaços que involuntariamente nos colocam hoje como resistência. Que os sorrisos nos permitam seguir em frente com paz e tranquilidade”.

Crédito: Dani Villar / Assessoria Fotográfica

Carlo Franzato, decano da Escola da Indústria Criativa da Unisinos, falou na sequência. Lembrando da história dos cursos de Design e Moda na Universidade, considerou que eventos como o Colóquio honram o trabalho duríssimo dos pesquisadores. “A Moda é sim um fator de inovação cultural e social. Ela desenvolve a sociedade como um todo”.

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Assumiu a palavra por último, a presidente da Comissão Local do Colóquio e coordenadora do curso de Bacharelado em Moda da Unisinos, professora Juliana Bortholuzzi. Emocionada, ela agradeceu a todos os presentes e comemorou o resultado de uma intensa luta para que o evento fosse realizado na Unisinos em 2019. “Tudo isso é para vocês”, disse, apontando para a plateia.

Crédito: Dani Villar / Assessoria Fotográfica

Nas comemorações dos 15 anos do Colóquio de Moda, foi mostrado o resultado do Projeto Tarin. A iniciativa social da Unisinos utilizou o curso de Moda para desenvolver uma linha de roupas em conjunto com um grupo de refugiados senegaleses usando estampas típicas do país africano. As roupas estão à venda no evento, incluindo uma série de jalecos com padrões em cores vivas.

Crédito: Dani Villar / Assessoria Fotográfica

Convidado ao evento, o professor coordenador do curso de Produção Fonográfica da Unisinos, Frank Jorge, realizou um breve show no teatro. Ao final, foi cantado o parabéns ao evento, com direito a bolo no palco.

Crédito: Dani Villar / Assessoria Fotográfica

A Estética Introjetada

Foi então chamada ao palco a convidada internacional do evento, a professora britânica Joanne Entiwistle. Pesquisadora do Departamento de Cultura, Mídia e Indústrias Criativas do King’s College, em Londres, seu trabalho envolve a maneira como as redes sociais podem ajudar a desafiar e criar alternativas ao padrão de corpo imposto pela indústria da moda. Mais especificamente, sua pesquisa fala sobre a presença de mães no Instagram que usam suas contas para falarem de estilo – algumas delas se tornando inclusive garotas-propaganda de marcas e redes de lojas.

Crédito: Dani Villar / Assessoria Fotográfica

O padrão estético das modelos magras ao estilo Kate Moss tem se mantido desde os anos 90, e até mesmo piorado. Os tamanhos das peças colocadas em modelos diminuíram ainda mais desde então, e alguns governos, como o da Espanha, proíbem a indústria da moda de contratar mulheres com Índice de Massa Corporal (IMC) abaixo de 18. Apesar disso, alguns dos principais mercados continuam sendo mais permissivos, e as críticas vêm de feministas, acadêmicos e ativistas de todos tipos.

Hoje, não é tão incomum ouvir falar de matérias contando sobre como uma modelo plus size saiu na capa de uma revista conceituada, ou que uma marca colocou na passarela uma mulher mais velha, ou mesmo alguém com necessidades especiais. Entretanto, estas aparições na mídia ocorrem porque estas expressões diferentes ainda fazem parte do que não é o padrão, e não do padrão em si, de acordo com Joanne. “São iniciativas pontuais, mas que acabam reforçando a ideia de inércia desse ideal magro”, apontou.

Utilizando os conceitos do sociólogo francês Pierre Bourdieu, Joanne explicou o mecanismo que faz com que quem esteja na indústria da moda não consiga mudar o que é o padrão. As estruturas externas precisam tentar fazê-lo, mas isso resulta em mudanças muito mais lentas do que seria saudável para quem trabalha na cena.

O Instagram, por sua vez, entra como uma forma de criar um espaço de expressão que permite que aqueles que não se encaixam afirmem-se. Não só isso, mas uma rede social baseada em imagens como ela acaba por ser muito mais prática e rápida, ao contrário dos blogs de moda. Joanne Entwistle considera que influência nas redes sociais é um valor alinhado entre os valores das marcas que querem escolher influenciadores, a estética padrão, a quantidade de seguidores e a qualidade das interações entre os que influenciam e os que são influenciados.

Focando nas mulheres mães com menos de 10 mil seguidores, a pesquisa da professora Entwistle procura identificar de que formas esse posicionamento como mãe de Instagram pode ser executado, além de analisar o efeito do contato posterior dessas pessoas populares com as marcas.

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