No senso comum, há uma distinção informal entre mercado de trabalho e academia, embora os dois sejam essencialmente ocupações profissionais. A dúvida é frequente na graduação: “Busco uma empresa para aperfeiçoar minha técnica ou fico na universidade para aprofundar meus conhecimentos?” Não que exista uma resposta certa — ou que a pergunta tenha de ser assim tão limitante —, mas existe, sim, a mais adequada ao perfil de cada pessoa. Se você se vê no futuro como referência na área em que atua, professor ou pesquisador, comece a considerar a segunda opção. Ela pode ser o que procura.
A seguir, você encontra dicas para preparar o caminho para a carreira acadêmica. Se já concluiu que a investigação científica será sua opção, vá adiante e comece a colocá-las em prática. Senão, continue a leitura mesmo assim — as orientações certamente vão ajudá-lo a se decidir.
Participe de grupos de pesquisa
Essa é uma das atividades mais indicadas para quem quer investir na carreira acadêmica. Quem participa de grupos de pesquisa não só entra nesse universo de investigação científica como também aprende com os pares. Nada melhor do que um tutor para mostrar o caminho, especialmente no começo, quando as referências ainda são escassas.
Para quem está na graduação, uma bolsa de Iniciação Científica é porta de entrada na pós. Enquanto colaborador, o estudante desempenha diferentes atividades nos projetos de pesquisa, como observação de resultados, escrita acadêmica e elaboração de relatórios. O bolsista é acompanhado por um professor orientador e recebe todo o apoio necessário para o desenvolvimento de suas funções.
Há bolsas remuneradas e não-remuneradas, concedidas por instituições de ensino e órgãos de fomento — a Unisinos oferece oito modalidades diferentes. Para saber qual é a mais indicada e se candidatar, você pode consultar os editais abertos no site ou entrar em contato com um professor que conheça e esteja desenvolvendo um projeto de pesquisa. Se for estudante dos cursos de licenciatura e quiser dar aulas no futuro, pode também tentar uma oportunidade no Pibid, que é o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência.
Assista a aulas da pós-graduação
Mesmo que não tenha concluído a graduação, você pode assistir a aulas específicas da pós como aluno não-regular. Basta entrar em contato com a secretaria do programa que lhe interessa — informações disponíveis nas páginas dos cursos — ou falar diretamente com o coordenador. Você será orientado sobre o procedimento de matrícula. Depois disso, poderá participar de todas as atividades como um pós-graduando faria.
Essa dica vale especialmente se você já tem sabe com qual mestrado dará continuidade aos estudos. Isso porque, depois de formado na graduação, poderá aproveitar os créditos para a pós que tenha a atividade acadêmica específica em sua estrutura curricular. Ou seja, não precisará refazer a disciplina que cursou anteriormente.
Compareça a eventos relacionados à pesquisa
A Universidade está cheia deles. De feiras científicas a apresentações de artigos, opção não falta. Na página de eventos, você encontra diferentes atividades, muitas delas abertas ao público não vinculado à Unisinos, e escolhe o que mais lhe chama a atenção, seja para participar como ouvinte em uma banca, seja para mostrar seu próprio trabalho.
Aqui, novamente, conta bastante a interação: encontros movidos pela investigação científica contribuem para ampliar networking entre pesquisadores, conhecer projetos, saber o que os pares estão estudando e mesmo ouvir o que pensam sobre o seu trabalho, como uma crítica construtiva. São fontes ricas em conhecimento.
Qualifique a leitura e a escrita
O hábito de ler e escrever é indissociável da prática de pesquisa e refletirá nas sua produções acadêmicas, esteja certo disso. Quanto mais qualificado ele for, mais direcionado e criterioso, melhores serão os resultados, esteja certo disso também.
Na carreira acadêmica, a leitura e a escrita têm características muito particulares. Em geral, são mais densas e padronizadas do que as do mercado de trabalho, por isso, costumam causar estranheza ao primeiro contato — nada que não possa ser solucionado.
Para se familiarizar com o modus operandi da linguagem de pesquisa — a ciência adora palavras em latim, aliás —, comece a praticar e crie o hábito da autocrítica. Informe-se sobre as linhas de pesquisa do programa de pós-graduação que lhe interessa e investigue a respeito. Leia livros e revistas científicas. Procure referências na internet, mas não se atenha à primeira página de resultados do Google; analise as possibilidades.
Especialmente se for aluno da Unisinos, dedique um tempo para conhecer o site da Biblioteca. Lá você encontra não apenas livros como também teses, dissertações e artigos de pesquisadores, uma ótima fonte de consulta.
Lembre-se ainda de escrever bastante. Faça resumos, artigos, resenhas. Revise sua produção e arrisque-se a formatá-la de acordo com normas técnicas de redação. Assim você estará mais preparado para o ritmo de leitura e escrita da pós-graduação.
Alimente sua curiosidade investigativa
Saber como e por que as coisas acontecem não é uma atribuição exclusiva da pesquisa formal. Se algo lhe intriga, busque informações a respeito, mesmo sem a pretensão de escrever uma tese sobre o assunto.
Você se identifica com a área de comunicação, mas acha curioso o modo como um avião voa ou um barco flutua? Estude sobre! Entre, ainda que temporariamente e a tímidos passos, no terreno da física. Com um pouco de sorte e prática, você encontrará relações até então invisíveis e terá ideias para uma investigação científica que integre diferentes competências. No mínimo, será divertido.
Agora que já conferiu as dicas, teste os seus conhecimentos sobre pesquisa e compartilhe este guia com quem também está pensando em seguir carreira acadêmica.