O papo foi na cadeira de ‘Teoria e Prática do Documentário’, na semana passada. De objetivos a público-alvo, os cineastas em formação tiveram, por meio da mediação dos professores Daniel Pedroso e Fatimarlei Lunardelli, a oportunidade de entrar em contato com uma visão de “bastidores” do Canal Futura e a relação da emissora com a prática documental, tudo graças a participação de Leonardo Campos, analista de aquisições e licenciamento da Fundação Roberto Marinho. Confira como foi essa interação.
Com produções sem fins lucrativos e voltadas para a comunidade escolar, o Canal tem vários eixos que o guiam, alguns deles são a ‘Educação e Formação Profissional’ e ‘Cultura, Língua e Linguagens. “Que é o nosso momento, digamos, artístico”, diz Leonardo, explicando que esse eixo é onde mais se trabalha temas como música, literatura e fotografia, por exemplo. Os alunos da atividade, que tem como um dos objetivos a produção de documentários, tiveram a oportunidade de ouvir algumas dicas tanto para a realização dos filmes, quanto para a forma mais efetiva para que projetos se encaixem com as ideias do Canal.
Com grande parte da programação composta por documentários, Leonardo falou sobre como se dá essa organização de compra de materiais para compor a grade. Em ‘Mundo.doc’ e ‘Cineclube Futura’, as temporadas são montadas com filmes prontos, já os programas ‘Curtas’, ‘Geração Futura’ e ‘Doc Futura’, são coproduções, feitas a partir de parcerias do Canal e dos ganhadores dos respectivos editais.
Ao falar sobre o ‘Doc Futura’, Leonardo aproveitou para trazer indicações de documentários, que ganharam o edital, para compor os repertórios culturais dos alunos: ‘A Primeira Pedra’ (2018) e ‘Nem’ (2019), que abordam temáticas que não se costuma ver nas grandes mídias, e ‘Prova Escrita’ (2020), que aborda questões envolvendo o ambiente escolar. Para os professores da disciplina, isso serviu, também, para ampliar os horizontes dos futuros cineastas, mostrando que existem opções para divulgação dos seus trabalhos além dos festivais.
Outro tema abordado foi sobre como a escolha da linguagem pode influenciar na hora de um documentário ser escolhido pela emissora. “Geralmente, a gente analisa muito a linguagem, porque queremos que o documentário seja acessível, que as pessoas entendam!”, explica Leonardo. “Estamos trabalhando com um grupo muito grande de pessoas e tentamos chegar naqueles que, às vezes, não têm acesso à internet ou não tiveram, ocasionalmente, acesso à educação… Então, a gente precisa que os conteúdos sejam de fácil entendimento”, um conselho que é aproveitado por todas as áreas da comunicação.
A ideia de pensar a produção cinematográfica como meio de desenvolvimento social foi abordada pela professora Fatimarlei. Para ela, a educação é um dever que ultrapassa o poder público, que pode usar do audiovisual como uma ferramenta socioeducativa. Isso abriu espaço para uma conversa sobre a maneira que o Futura mapeia as temáticas que irão compor sua grade. Se espelhando na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e tópicos de órgãos como a UNICEF, a emissora, de acordo com Leonardo, não incorpora uma obra se ela não contribuir para alguma das discussões neste âmbito.
Leonardo, finalizou a conversa com uma dica para os estudantes: “Escolher o objeto de documentário é quase como escolher o tema da sua monografia, da sua tese. O importante é escolher um tema do qual você vai gostar de falar e tem um ponto de vista interessante a acrescentar!”.