Para entender como se forma um arquipélago

Unisinos participa de missão no Arquipélago de São Pedro e São Paulo

Estudante de Geologia e técnico do Laboratório de Sensoriamento Remoto e Cartografia Digital (LASERCA) da Unisinos, Arel Hadi representou a universidade em missão pelo Arquipélago de São Pedro e São Paulo, entre junho e julho deste ano. Pouco antes de retornar ao sul do país, Arel conversou com a redação do Notícias Unisinos e contou como estava sendo a experiência. Confira:

Do que trata a pesquisa? O que, exatamente, você está fazendo?

Viemos nesta missão com o objetivo de fazer um levantamento geomorfológico da porção emersa do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP). Para realizar a pesquisa, foi necessário trazer equipamentos de alta tecnologia, como um sistema GNSS [Sistema Global de Navegação por Satélite] e um Laser Scanner Terrestre, com a finalidade de adquirir dados para um modelo digital de terreno de alta resolução. Esse modelo irá contribuir para o entendimento da formação destas pequenas ilhas, que são a ponta de uma gigante montanha submersa, com 3800 metros de altura, partindo do fundo do oceano.

Quem participa da missão?

Nesta expedição, estão participando quatro integrantes (número determinado pela Marinha por questões ambientais), sendo eu (Arel Hadi), Kenji Motoki (aluno de mestrado da UFF que está desenvolvendo seu trabalho relacionado à área) e mais dois biólogos da FURG, que fazem parte de outro projeto vinculado às aves presentes na região.

Qual o envolvimento da Unisinos com a iniciativa?

Esta questão foi respondida pelos professores Francisco Tognoli e Mauricio Veronez, do Programa de Pós-Graduação em Geologia.

A Unisinos, a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) são parte da equipe executora do projeto “Geomorfologia Superficial do Arquipélago de São Pedro e São Paulo e seu entorno: prováveis relações com o tectonismo ativo de soerguimento associado à Falha Transformante de São Paulo”, coordenado pelos professores Narendra Srivastava e Thomas Campos, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O projeto conta com financiamento do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e está inserido no Programa Arquipélago e Ilhas Oceâncias (PROARQUIPELAGO).

Cabe à equipe da Unisinos realizar a caracterização geomorfológica do arquipélago, o georreferenciamento dos dados e gerar o modelo tridimensional de superfície, produtos que servirão de base para o entendimento da origem do arquipélago. A continuação das pesquisas envolverá a visualização do modelo 3D a partir de técnicas computacionais de realidade virtual e imersão realística, objetivo dos projetos desenvolvidos pelo VizLab, e que permitirá que os pesquisadores possam visitar o arquipélago a partir de sistemas de visualização imersivos (ex: Oculus Rift). Além disso, pretendemos que outros alunos, professores e técnicos participem de outras missões no futuro, como forma de dar continuidade a essa oportunidade que tivemos.

Quando viajou para o arquipélago e até quando ficará?

A missão começou três dias antes de partir o barco, na Base Naval de Natal, onde recebemos o treinamento específico, bem como realizamos exames médicos obrigatórios para poder participar desta expedição. Partimos de Natal no dia 29 de junho e ficaremos até 19 de julho, quando o barco parte de volta a Natal. São aproximadamente quatro dias de viagem em alto-mar.

O que tem aprendido com essa experiência?

Como graduando em Geologia e técnico do Laboratório de Sensoriamento Remoto e Cartografia Digital (LASERCA), está sendo muito interessante estudar este tipo de formação rochosa. Aqui é o único lugar do planeta onde se tem esta oportunidade, pois são rochas provenientes do manto. Normalmente, o ser humano só tem acesso à crosta terrestre, posicionada acima do manto. Também tive a oportunidade de aprender muito com o Kenji Motoki, já que sua formação é em Geofísica e ele estuda essa área desde a época de graduação. Ele tem muitas informações interessantes em relação à gênese do Arquipélago de São Pedro e São Paulo.

Outro ponto interessante é a questão estratégica que o Arquipélago representa para o país. Uma pequena ilha como esta garante ao país um raio de 200 milhas náuticas de Zona Econômica Exclusiva (ZEE), totalizando 450.000km², o que representa 15% da ZEE total do país. Por isso, a importância de habitação do local, onde foi criada a estação científica. Além dos aspectos geológicos, é um laboratório natural para diversos tipos de estudo, que inclui espécies endêmicas e uma biodiversidade incrível.

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