Já imaginou combinar os dois principais alimentos do prato da população brasileira em um pão? Pois foi essa a receita criada por Gilvan Bertinati: o pão de arroz e feijão. Graduado em Gastronomia e mestre em Nutrição e Alimentos pela Unisinos, ele relata que, em sua dissertação, quis desenvolver, como produto final, um pão. Com a expertise adquirida na academia e em anos de prática na área, resolveu inovar nos ingredientes. ”Foi então que surgiu a ideia do pão de arroz e feijão. Associei o elevado consumo de pães com o uso de alimentos nutritivos, como o feijão e o arroz, que são a principal comida do brasileiro”.
O pesquisador ressalta que um dos princípios norteadores para a elaboração da pesquisa foi criar um produto de cunho social. Ele levou em conta recorrentes problemas, como desnutrição e obesidade, e decidiu aliar os benefícios do arroz e do feijão ao pão, visual e gustativamente atraente, como alternativa para reverter o quadro. “O pão é um alimento bastante consumido no país, e o arroz e o feijão são principal fonte de proteína vegetal e representam baixo custo para o brasileiro. Uni-los foi o fio condutor para que ele pudesse ser consumido em qualquer refeição do dia, sejam as principais ou como lanche”, diz.
O autor explica que o produto foi desenvolvido a partir das farinhas integrais do arroz e do feijão, combinada com a de trigo. “O feijão e o arroz no pão, segundo análises de laboratório, contêm mais proteínas do que o próprio arroz e o feijão no prato. Aliados a proteína e salada, conseguem reunir todos os aminoácidos essenciais que o corpo não produz”. Segundo Gilvan, o sanduíche, criado no itt Nutrifor da Unisinos, é ideal para ser consumido em qualquer refeição.
Além disso, Gilvan fala da sua intenção de que o alimento chegue a creches, escolas, como uma opção nutritiva de incrementar um simples sanduíche. Segundo ele, o pão também pode tornar mais apetitosa a refeição de crianças que não simpatizam muito com produtos saudáveis. “Nem todas as crianças gostam de comer arroz e feijão, mas qual delas rejeita um hambúrguer?”, brincou. “Colocar esses alimentos em forma de pão o tornam mais atrativo, sem parecerem simplesmente arroz e feijão”.
Outro objetivo de Gilvan foi a criação de um produto com identidade nacional. Ao comentar sobre o fato de o pão francês, o famoso “cacetinho”, ser o mais consumido no Brasil, ressalta: “Nós consumimos o pão francês, o pão italiano, o pão russo…, e o pão brasileiro?! Quem sabe esta seja uma ótima oportunidade de criarmos um pão que nos represente!”
Este pão, segundo análise sensorial realizada nos laboratórios da Unisinos, com provadores não treinados, teve aceitação muito semelhante a de um pão francês ou a de um pão integral. Não houve diferença significativa no resultado dos testes. Contudo, o criador explica que ele se difere nos benefícios que proporciona à saúde. “Ele se diferencia do pão comum, que contém mais colorias do que fibras. O pão de feijão com arroz é preparado com fibras solúveis, que contribuem com o funcionamento do organismo”. A vantagem é estar ingerindo nutrientes adequados, sem deixar de lado o bom e velho pãozinho durante as refeições.