“Onde você estará quando o futuro chegar?” Essa foi a pergunta que norteou a palestra de Leandro Karnal na noite dessa terça-feira, 10/7, no Anfiteatro Padre Werner, Campus São Leopoldo. A Unisinos foi palco de uma reflexão do historiador sobre o tema, onde afirmou a importância do passado na construção do futuro. “Desde que vi a imagem do museu fechado, fiquei comovido. Um museu não pode ficar fechado. Ao apagar a memória ficamos em raízes e quem não tem passado não tem para onde voltar”, destacou.
Karnal lembrou da história de São Leopoldo, que foi fundada em 1824 por um grupo de 39 imigrantes. “Temos que recuperar o gesto dos imigrantes, que é a crença na educação. Somos um país mestiço e isso é a nossa grande glória. A mestiçagem nos faz ser quem somos, a não ser quem tem raízes indígenas, somos todos imigrantes”, afirmou. Ao relembrar a história da cidade, falou também de sua trajetória. “É um imenso prazer voltar a Unisinos, onde me formei na graduação. Uma cidade que tem uma das maiores universidades do país é um berço de cultura”, reforçou.
O futuro
O historiador falou sobre o momento difícil que vive o país e do cenário pouco positivo até as eleições. “Vamos ainda chegar a momentos mais difíceis para melhorar, mas vai passar. Ou resolvemos a crise ou não teremos Brasil para lamentar”, disparou.
Segundo Karnal, o futuro existe em todos os momentos e sempre temos horizontes. “Depois de 31 anos em São Paulo, será que eu imaginaria que estaria na Unisinos de novo? Neste espaço honroso, falando para minha cidade? Mente quem diz que é capaz de projetar o futuro como se ele fosse óbvio”.
Para o professor, estamos aqui porque tomamos determinadas decisões, não sabemos onde estaremos em 2028 ou 2038. São os sins e nãos ditos ao longo da vida que definem isso. “O futuro não sei qual será, mas posso apostar, estabelecer perspectivas, supor”, afirmou o palestrante ao falar sobre a imprevisibilidade do futuro.
A palestra lotou o Anfiteatro Padre Werner e teve todo o seu lucro revertido em benefício do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo (MHSL), que passou quase três meses fechado por problemas financeiros.
Uma história inusitada
A palestra trouxe para a Unisinos uma história inusitada. Dias antes do evento, chegou até a caixa de e-mails da Universidade a seguinte mensagem: Pedido de um marido apaixonado. Era Alexandre Chevarria, que aproveitou a oportunidade da palestra de Karnal para realizar o desejo de sua amada, Luciane Felisberto.
“Minha esposa tem uma doença chamada retinopatia degenerativa e tem no máximo um ano antes de perder a pouca visão que tem, 5% em uma vista. Ela é muito fã do professor Leandro Karnal e eu queria levá-la no camarim dele, para ela conhecê-lo”, pediu o marido.
Para Alexandre, realizar o sonho de sua esposa era muito importante. “Nós somos casados há oito anos e ela sempre faz surpresas pra mim, queria retribuir. Sou um romântico, é um amor muito grande o que temos”, afirmou.
Luciane conta que se sentiu muito emocionada quando ficou sabendo da surpresa e que Karnal é uma referência para ela. “Ele é ímpar. Sou fã dele há muitos anos, pra mim vai ser uma honra estar com ele. Eu nem acreditei, primeiramente eu achei que era só para vir no teatro, depois fiquei sabendo que ele ia me receber, eu quero chegar bem pertinho, tenho que tocar para poder enxergar”, disse sorrindo.