“A sensação é de estar cozinhando para meus netos”, traduz a chef Serena Kakuta Linhar. A autora da frase, Kayoko Gotoh, tem 74 anos. Há 27, pratica a culinária em casa, na província de Aichi, no Japão. Foi nesse lugar, numa região conhecida pela produção de geleias, molhos e conservas, que conheceu receitas e simbolismos da cozinha tradicional do país.

Kayoko, que está no Rio Grande do Sul há poucos dias, reconhece o significado da alimentação e fica feliz em compartilhar com brasileiros um pouco do que aprendeu no oriente. Assim fez nesta terça-feira, 14 de outubro, em oficina com direito a cardápio escolhido pelo próprio marido, Keishi Gotoh, professor convidado da universidade – ensinou não apenas receitas, mas o respeito pelo momento da refeição.

“As pessoas ‘prostituíram’ a culinária japonesa”, comentou Serena. “Inventaram uma série de variações dos pratos, em especial do sushi, e isso descaracterizou o alimento, que deixou de ser saudável.” Segundo ela, o foco da oficina foi justamente resgatar o sabor tradicional das receitas.

Os alunos aprovaram. “Meu projeto para a Mostra de Talentos [espécie de Trabalho de Conclusão de Curso da Gastronomia] será sobre a culinária japonesa, então estou aproveitando muito a experiência”, disse o formando Cristiano Bassani.

Entre aqueles que já garantiram o diploma, a opinião foi praticamente a mesma. “Logo que me formei, no começo do ano, comecei a trabalhar em um restaurante japonês”, compartilhou Fabrício Josué. “Aqui, hoje, noto semelhanças e diferenças na elaboração dos pratos em relação a meu local de trabalho, é quase como uma comparação entre a culinária mais tradicional e a mais recente.”

A professora Agatha de Brito, uma das coordenadoras do curso de Gastronomia, explicou que a oficina contou com a preparação de pratos considerados “simples, de fácil execução e para o dia a dia”.