A economia solidária tem sido uma estratégia de enfrentamento da exclusão social, gerando trabalho e renda em formas coletivas. A Unisinos desenvolve o Programa Tecnosociais – Tecnologias Sociais para Empreendimentos Solidários, que tem como pressuposto a ideia de recriar a economia como produção, não somente de riquezas mercantis, mas de bens e serviços necessários à vida. Além disso, de promover o desenvolvimento integral dos envolvidos com esse tipo de empreendimento, fomentando modelos e tecnologias de intervenção que contribuam para a superação da pobreza.
No Balanço de 2013, contamos a história de Cristiane Alves da Rosa, integrante da Associação dos Trabalhadores Urbanos de Recicláveis Orgânicos e Inorgânicos – ATUROI. À época, a ATUROI atravessava um período de crise. Trabalhavam diariamente em um prédio que havia sofrido um incêndio e estava com as dependências comprometidas. A falta do telhado danificava o material ali armazenado e prejudicava na renda do final de mês da associação. Para o Balanço Social de 2014, trazemos a história da nova Cristiane, que, agora, trabalha em cooperativa e em um prédio seguro. A ATUROI deu um salto adiante e se transformou na CooperVitória, uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis.
No prédio antigo, as condições de trabalho eram precárias e foram determinantes para a decisão de transferir a cooperativa de local. “A diferença maior de antes para agora é quando chove; antes quando chovia, trabalhávamos na chuva mesmo, pois não tinha telhado”, conta Cristiane. “Dependendo dessas condições climáticas, o material ficava danificado, o comprador reclamava e o produto era vendido a um preço mais baixo. Sem contar que o material ficava pesado, dificultando o processo de reciclagem”. Com felicidade no rosto, destaca que, hoje, eles dispõem de um local seguro, que inclui cozinha e banheiro bem mais adequados.
Agora estabelecidos, com todas as condições necessárias para o bom desenvolvimento de seu trabalho, a CooperVitória passou a atuar na prestação de serviços na Coleta Seletiva para a Prefeitura de São Leopoldo. De sete catadores que trabalhavam na associação, nas antigas instalações, a cooperativa conta, hoje, com 13 cooperados, incluindo três coletores, que realizam todo o processo, desde a coleta, triagem, prensagem e comercialização desse material para as empresas que o utilizam para a fabricação de matéria-prima ou até mesmo de outros produtos.
Fundada em 2008, a ATUROI, hoje Cooperativa de Trabalho de Catadores Vitória – CooperVitória é assessorada pela Unisinos desde o seu início. Cristiane afirma que a atuação do Tecnosociais foi fundamental na nova fase. “As pessoas envolvidas no projeto da Unisinos nos apoiaram muito em tudo, desde a documentação, contratos, até separar as alas do prédio com as placas e sinalização de emergência”, afirma Cristiane, feliz com as mudanças. Além disso, a Unisinos cedeu ao grupo um computador, para que pudessem ter acesso à internet e para que o equipamento facilitasse a gestão do empreendimento e o contato com a universidade e com a prefeitura.
Cristiane afirma que, mais do que trabalho, a reciclagem é uma causa que apoia. Contudo, ainda há muita despreocupação da sociedade em relação à separação do lixo. O descaso da população no que se refere ao descarte de lixo é alarmante, visto que muitos desses resíduos acabam em rios, contribuindo para a poluição das águas. A coleta seletiva é uma importante fonte de geração de trabalho e renda a muitos catadores e suas famílias, e cada vez mais se consolida como de extrema importância para o desenvolvimento sustentável do planeta.
*Esta matéria foi realizada em meados de 2015, referente ao Balanço Social 2014.