No fundo de um prédio, marcado por alguns vestígios de queimado, pessoas trabalham com o que é considerado lixo para a comunidade de São Leopoldo, mas para elas, estes materiais são sua fonte de renda. Ali está localizada a Associação do Trabalhador Urbano de Recicláveis Orgânicos e Inorgânicos – Aturoi –, local em que Cristiane Alves da Rosa está há nove anos. “Eu estava sem ter serviço, e me convidaram para vir trabalhar”, lembra.

Dentro da Aturoi, Cristiane possui duas funções diferentes. Quando o caminhão com a coleta seletiva chega, ela ajuda na triagem – separação dos materiais recicláveis por tipos –, que no momento posterior são prensados e vendidos. A sua outra ocupação é com o cargo de tesoureira. “Eu faço a venda do material. Vou ao banco trocar cheques e faço a prestação de contas para a prefeitura do repasse que nós ganhamos”, diz. “Em uma semana a gente vende só plástico e na outra, papel e plástico”, complementa.

A situação da associação poderia estar melhor, caso em 2011 um incêndio não tivesse destruído o galpão e muitos equipamentos dos trabalhadores. Cristiane lembra emocionada no dia em que chegou e viu o estado do local de trabalho. “Nós lutamos tanto, para chegar aqui na segunda-feira e estar tudo queimado. Tudo!”, relata. Sem a intenção de desistir, eles tiveram que recomeçar, e não foi fácil. O grupo, que já era ajudado pelo Tecnosociais, contou com mais apoio do programa da Unisinos para reabilitar a associação.

Com a vontade de Cristiane e dos demais associados, a Aturoi continuou os trabalhos de reciclagem, em espaço reduzido, com menos pessoas, mas sem perder o foco empreendedor do projeto. Antes vistos como lixeiros na cidade, hoje estão próximos de se transformarem em cooperativa, para fazerem a coleta seletiva de São Leopoldo, com direito a emissão de notas fiscais. Isso tudo, a associada resume com o sentimento dela pela Aturoi em apenas uma frase: “É a minha casa!”.

O Programa Tecnologias Sociais para Empreendimentos Solidários – Tecnosociais assessora empreendimentos econômicos solidários, como a Aturoi, impulsionando modelos e tecnologias de intervenção que contribuem para a superação da pobreza por meio do fortalecimento da economia solidária. O público alvo são pessoas com baixo grau de escolaridade, sem emprego formal e residentes nas áreas de vulnerabilidade social.

Esta matéria foi realizada em meados de 2014, referente ao Balanço Social 2013.