Nesta terça-feira, 25 de novembro, dia internacional da não violência contra a mulher, a Biblioteca Unisinos inaugurou a exposição “Participação movimentalista: sonho, projeto e protagonismo coletivo”, no campus de São Leopoldo.
Com o propósito de facilitar o acesso ao conhecimento e à memória, como formas de incentivo ao protagonismo feminino, a mostra reúne o fundo documental e bibliográfico da Assessoria a Movimentos de Mulheres, um trabalho desenvolvido na universidade entre os anos 1990 e 2006.
A ação parte do projeto “Da perda da história a um centro de informações sobre questões de gênero: divulgação, preservação e difusão do Acervo da Assessoria a Movimentos de Mulheres Unisinos”.
Submetido a um edital do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) para a preservação da história brasileira, com ênfase nos movimentos sociais do país, o projeto propunha um processo de tratamento arquivístico, digitalização e disponibilização do acervo da assessoria na web.
“É inadmissível que, ainda hoje, as mulheres sejam vítimas da violência, inclusive daquela que vem de seus próprios companheiros.”
Clair Ziebell, curadora da exposição
Sob a curadoria da professora Clair Ziebell, a exposição marca o fim dessa etapa e se coloca na função de agente ampliador do olhar sobre as questões de gênero. “O que fizemos foi registrar processos históricos, por meio da prática de pesquisa e extensão, a fim de que esses eventos tenham uma tradução para quem não os viveu”, explicou Clair, na ocasião.
O vice-reitor da Unisinos, padre José Ivo Follmann, presente na inauguração da mostra, disse que não existe história sem memória e que, para preservá-la, o registro oficial se faz necessário – e isso justifica a iniciativa do Memorial Jesuíta. “Esse trabalho que vem sendo feito re-significa a universidade no seu sentido de ser”, acrescentou.
De acordo com a curadora, o trabalho desenvolvido na Assessoria a Movimentos de Mulheres – que continuou mesmo após a interrupção enquanto projeto de pesquisa na instituição – se constitui em espaço propenso à autonomia e ao combate à ameaça velada. “É inadmissível que, ainda hoje, as mulheres sejam vítimas da violência, inclusive daquela que vem de seus próprios companheiros”, constatou.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas, sete em cada dez mulheres no mundo já foram ou serão violentadas em algum momento da vida. A ONU também estima que 35% de todos os assassinatos de mulheres são cometidos por parceiros afetivos.
Uma nova cultura
“Nossa realidade ainda é bastante segmentada, mas não basta invertermos os papéis, precisamos fomentar uma nova cultura de relacionamento entre homens e mulheres”, avaliou a professora.
Clair finalizou a sessão lembrando que pouco adianta “correr atrás do prejuízo” e que a manutenção do sonho feminista é imprescindível, bem como o fortalecimento do espaço público. Antes de deixar o microfone, aliás, fez questão de agradecer às mulheres e aos homens de boa vontade que militaram em favor do projeto.
A exposição ocorre até 05 de dezembro, na Biblioteca do campus São Leopoldo.