Muro entre empresas e universidades não deve existir, avalia pró-reitor sobre educação corporativa

Tema foi abordado no Zero Hora Talks, evento em parceria com a Unisinos nesta quinta-feira (28). Especialistas discutiram sobre como instituições de ensino e organizações podem colaborar para a formação continuada

Painel na Unisinos abordou como instituições de ensino e empresas podem colaborar para criar programas de formação. Reinaldo Foltz / Divulgação

Zero Hora Talks discutiu, na manhã desta quinta-feira (28), o futuro da educação corporativa. Realizado no auditório do campus Porto Alegre da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o painel abordou como instituições de ensino e empresas podem colaborar para criar programas de formação continuada, cursos e capacitação para atender a necessidades do mercado. 

Conforme o pró-reitor de administração da Unisinos, Cristiano Richter, é preciso romper o muro que existe entre as universidades e as organizações, promovendo a qualificação dos quadros profissionais de forma contínua, a longo prazo

— Temos visto uma colaboração muito profícua, integrada ao sistema das empresas, por meio da customização de programas de formação. Universidades e empresas estão fazendo isso de forma muito mais conjunta — afirmou. 

Ele ressaltou que as instituições de ensino podem auxiliar a empresa a traçar programas de desenvolvimento dos colaboradores alinhados às necessidades da organização. Segundo o pró-reitor, isso é fundamental para garantir resultados práticos. Isso pode ser feito por meio de formações tradicionais, como cursos de graduação, mestrado e doutorado, ou através de treinamentos customizados, como especializações, MBAs e cursos de extensão alinhados às demandas. 

Richter trouxe como exemplo o curso de graduação em Administração com ênfase em Gestão para Inovação e Liderança, oferecido pela Unisinos, que permite atividades práticas e intercâmbios internacionais. Segundo a gerente corporativa de treinamento e desenvolvimento na InBetta, Rita Mariel Pietrovski, participante do debate, os próprios colaboradores percebem quando a qualificação faz a diferença no dia a dia

— Quando perguntamos aos funcionários da InBetta se eles observam aplicabilidade prática dos conteúdos, 92% deles respondem que sim. É isso que importa. Esse aspecto traz satisfação aos profissionais. O profissional precisa entender que aquele conhecimento está impactando nas suas entregas diárias. Precisamos discutir com as lideranças os efeitos que os programas de formação estão tendo — destacou. 

A empresa conta com uma área de treinamento e desenvolvimento dedicada ao aperfeiçoamento de seus mais de 2 mil funcionários. Segundo a gerente, anualmente, é desenhado um plano de desenvolvimento a ser executado no ano seguinte, levando em consideração o orçamento necessário e o planejamento estratégico da companhia, de modo a agregar valor à empresa e gerar resultados concretos. 

Qualificação para o futuro 

Entre os convidados, também estava o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RS), Pedro Luiz Fagherazzi. Na ocasião, ele levantou reflexões a respeito da relevância da educação corporativa em um contexto de envelhecimento populacional, em que boa parte da mão de obra se encaminha para a faixa etária dos 40 e 50 anos de idade. 

— As pessoas com mais de 50, 60 anos não conseguem mais trabalho, não conseguem se empregar. Isso é algo da nossa cultura. Se isso não mudar, teremos um problema social, porque o profissional não consegue emprego, mas também não consegue se aposentar. Às vezes, o que falta para conseguir emprego é qualificação — salientou Fagherazzi. 

Ele destacou que essa problemática é latente no Rio Grande do Sul, por ser o Estado com a maior proporção de habitantes idosos no país. Por isso, o mercado de trabalho precisa se adaptar a essa realidade, e isso passa também pela educação corporativa focada nesse público: 

— Tem muito gestor que não se contrataria a si próprio, por ter 55 anos, por exemplo. Na área de Recursos Humanos, o primeiro filtro a ser levado em consideração é a idade. A população do Rio Grande do Sul vai parar de crescer daqui a alguns anos. Se continuar desse jeito, como o Estado vai se desenvolver? É importante que as empresas consigam absorver esses trabalhadores com mais de 45, 50 anos. 

Zero Hora Talks foi mediado pela jornalista Rosângela Monteiro. O evento contou com transmissão no Youtube de GZH. A iniciativa faz parte do projeto Educação do Amanhã, em parceria com a Unisinos.

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