Dentro das atividades do International Discovery Program (IODP), durante o mês de fevereiro, o itt Fossil está realizando Brazil Summer School on Micropaleontology and Paleoceanography. O curso reúne cerca de 30 importantes pesquisadores da América do Sul, América do Norte e China para debater sobre paleoceanografia do Mesozóico e Cenozóico, estratigrafia e paleoecologia, durante duas semanas.
Os ministrantes do curso são os cientistas americanos David K. Watkins (Nanofósseis Calcários – University of Nebraska), Brian T. Huber (foraminíferos planctônicos, Smithsonian Institution) e Richard D. Norris (paleoceanografia, University of California). As atividades seguem até o final desta semana. “É de grande importância estarmos sediando esse evento, porque estamos trazendo pesquisadores sobre paleoceanografia para discutir a evolução do planeta e do Atlântico Sul, que foi o último oceano a se formar no mundo”, destaca Gerson Fauth.
Conhecimento construído com colaboração
Um dos pesquisadores visitantes no Brazil Summer School on Micropaleontology and Paleoceanography, Richard Norris, professor de paleobiologia na Scripps Institution of Oceanography, University of California, ministrou uma palestra e um Workshop no dia 20/2. O pesquisador americano falou sobre a evolução da vida nos oceanos e o registro geológico da vida oceânica. “Meu foco é a perfuração oceânica científica, que é o método pelo qual o Brasil está inserido no International Discovery Program ”, explica o pesquisador.
“Esse é um workshop para estudantes de toda a América Latina, mas principalmente brasileiros, onde vamos estudar as mais recentes linhas de pesquisa na paleoceanografia – que é o estudo dos oceanos antigos. A maioria dos estudantes aqui e, claro, a universidade, estudam microfósseis, então, estamos colocando esse contexto no trabalho que estamos fazendo aqui hoje, utilizando os registros fósseis para entender a história do oceano”, esclarece Richard.
O pesquisador acredita que a pesquisa na área é muito importante por ser um campo acadêmico de muita força. “Essa universidade em particular tem muito poder acadêmico e pode colocar o Brasil em destaque para a pesquisa de paleoceanografia”, comenta. “Os laboratórios aqui são muito bons. Há muitos estudantes e pesquisadores focados em pesquisa acadêmica e isso tem um valor muito grande para empresas como Petrobrás e outras empresas estatais, afinal, nossa pesquisa coleta informações sobre a idade dos sedimentos, uma ferramenta importante para a extração de recursos naturais, como petróleo e gás”, afirma.
Richard ressalta que a perfuração oceânica acadêmica tem uma tradição diferente da perfuração feita por empresas de extração de petróleo. “Nosso trabalho é sobre colaboração internacional, pois para fazer esse trabalho precisamos de recursos de todos os países envolvidos e, claro, boa vontade e compreensão da comunidade científica global”, diz ele. “Esse é um dos poucos programas de colaboração internacional que tem um profundo senso de colaboração entre os países membros”, comenta.
No entanto, o cientista destaca a importância da colaboração entre empresas petrolíferas e instituições de pesquisa, apontando um mútuo benefício entre as partes. “Acho que a indústria pode ser muito colaborativa com a ciência natural. Há muitas áreas onde pode haver colaboração entre as partes. E o itt Fossil é o exemplo perfeito disso”, coloca. Richard explica que, apesar de terem objetivos diferentes, as informações fornecidas pela comunidade científica são de grande valia para a indústria. “Eles poderiam, também, coletar esse tipo de dados, mas nós provemos informações validadas por uma comunidade científica internacional. Um conhecimento que passa por diversas avaliações e checagens antes de ser divulgado”, ressalta.
O pesquisador aponta que o envolvimento do Brasil no IODP abre a oportunidade para o país entender sua história marítima, justamente por sua grande extensão litorânea. “O investimento do Brasil em perfuração oceânica permite que o mundo inteiro descubra sobre sua história oceanográfica e, também ajuda a construir a capacidade acadêmica das instituições brasileiras”, coloca o acadêmico.
Richard afirmou estar impressionado com a qualidade da infraestrutura, da pesquisa e dos estudantes da Unisinos. “Os alunos são muito afiados. Eu olho para eles e penso ‘vocês são futuros líderes’. E preciso dizer que estou muito orgulhoso do Brasil porque ele investiu em tentar construir a ciência e tornar esses estudantes em acadêmicos internacionais. E isso é um benefício para todos, pois põe o Brasil em um cenário global, e isso é tão importante em tantas áreas, eleva o nível científico do país e, claro, dá oportunidades para esses jovens construírem suas carreiras”, finaliza.