O curso de Engenharia de Alimentos completou 25 anos. E para celebrar a data, promoveu um ciclo de palestras para debater temas relevantes com os alunos e demais interessados na área. A atividade ocorreu no Auditório da Unitec, nos dias 10 e 11 de agosto. Os conferencistas foram Alfredo Walter; Andres Lopez Lens; Ana Paula Baldo Ströher e Melissa Poletto, todos eles egressos do curso, que alcançaram posições de destaque no mercado e retornaram à Casa para compartilhar experiências e conhecimento aplicado.
Tendências de mercado
O engenheiro de alimentos, egresso da Unisinos, Alfredo Walter concluiu o ciclo de palestras com a apresentação “O cenário atual e as tendências no processamento de alimentos no Brasil e no mundo”. R&D Leader, na empresa israelense ICL Food Specialties, Walter trabalha com desenvolvimento de novos produtos para atender tendências de consumo. Especialista na área, falou sobre aspectos históricos, tendência, processos e soluções inovadoras do mercado da alimentação.
Segundo ele, as mudanças na sociedade é que ditam a forma como entendemos, consumimos e nos relacionamos com a comida. Um dos exemplos foi a ligação dos brasileiros com alimentos doces. O Brasil, por ser o maior produtor de açúcar do mundo, atribuiu a doçura a momentos de afetividade, comemorações, ritos de passagem.
Com o passar dos anos, ainda que muito se cultive essa prática na atualidade, passou a ser identificado que a prática em excesso acarretava problemas à saúde, sendo buscados outros hábitos.
Muitos aspectos têm mudado a nossa relação e nossos hábitos com a comida nos últimos anos, segundo Walter. Entramos no século XXI com mais diversidade alimentar, exaltação de dietas, globalização da comida e valorização da etnogastronomia. Indutores dessas mudanças foram aspectos como a ascensão da classe C, mais mulheres no mercado de trabalho e idosos ativos, que buscam por alimentação mais saudável e nutritiva, e o alto índice de casos de Diabetes no país, que exigiu políticas públicas para redução de açúcar nos alimentos.
Diante disso, sublinha Walter que os profissionais devem estar alinhados com as demandas provenientes das mudanças contextuais. Base de tudo, destaca que alimentação está relacionada com a cultura. “Não adianta querer introduzir um iogurte azul no mercado, se as pessoas gostam de iogurte vermelho. Os seres humanos são onívoros, isto é, comem de tudo. E principalmente símbolos”, afirma.
Na ICL Technologies, Walter é responsável por aplicações especializadas de ingredientes alimentares para oferecer aos clientes recursos e serviços orientados para o mercado, a fim de ajudá-los na adaptação da formulação, sem sacrificar o sabor. “Vivemos o momento em que as pessoas buscam por embalagens diferentes, texturas e sabores inusitados. Essas tendências surgem e nós desenvolvemos o produto”.
Na ocasião, Walter compartilhou algumas tendências de comportamento e estilos de vida que têm modulado o mercado da alimentação. A busca por saúde e bem-estar, pessoas de todas as idades estão buscando maneiras mais saudáveis de comer; responsabilidade social e ambiental; procura por produtos “clean label” (do inglês, produtos que tenham rótulos limpos e optem por ingredientes naturais); autoexpressão; produtos que sejam fáceis e acessíveis para o consumo, para contemplar uma rotina atarefada. “Posto isso, somos cobrados pela inovação. E isso não significa criar por criar, mas criar para gerar valor para o público que atendo. O profissional da Engenharia de Alimentos não necessariamente precisa desenvolver a tecnologia, ele precisa desenvolver o mercado”.
Formação completa
Melissa Poletto, da empresa Poletto Soluções em Gestão, atua como auditora líder em organismo certificador, sendo consultora organizacional com mais de 14 anos de prática na área. Dessa experiência, afirma que a formação do engenheiro de alimentos dá uma base para tudo o que a indústria precisa no segmento da alimentação. Segundo ela, a competência dele o torna apto a conduzir todas as legislações aplicadas ao negócio, organizar a indústria, desenvolver um produto. “Tem demanda e mercado para esses profissionais, nos mais variados segmentos da área. O engenheiro é insubstituível”, incentiva.
Junto a Melissa, esteve Ana Paula Baldo Stroher, consultora de Sistemas de Gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos na empresa Solve Consulting. Ela acrescenta que a presença do engenheiro de alimentos oportuniza a melhoria de toda a cadeia de alimentação – desenvolvimento do produto, fornecimento, embalagens, produção, expedição, controle, auditoria, inspeção, consultoria – e impulsiona as empresas a sempre buscar fazer mais e melhor. Além disso, Ana Paula aconselha que a inserção no mercado deve ser buscada desde cedo pelos estudantes, por meio dos estágios. “O profissional que se formar já tendo essa visão de como o mercado funciona, vai se destacar lá na frente”.
Quem participou do evento, gostou. As formandas Daniela Gross e Ariana Lima comentaram a participação e, ainda, destacaram a importância de iniciativas assim para a complementação do conhecimento acadêmico. “Assuntos que não conseguimos aprofundar durante o curso são contemplados nessas trocas com profissionais da área. Esses momentos contribuem bastante para a formação, pois dialogam especificamente sobre as necessidades do mercado”, disse Ariana.
“Eu gostei. Foram abordados assuntos que estão bastante em alta no mercado. É fundamental falar sobre a importância de um ambiente limpo e seguro para o manuseio de alimentos. E nós, como profissionais do segmento, precisamos saber comunicar essas exigências para a empresa. Além de conhecimento sobre a técnica, elas nos incentivaram como profissionais”, complementou Daniela.
A melhor graduação do Brasil
O ciclo de palestras, além de ser um momento de trocas, também foi de descontração e festividade. Juntos, alunos, professores e egressos, celebraram as conquistas do curso durante os 25 anos de história. Uma delas, o reconhecimento da excelência acadêmica pelo Ministério da Educação. O curso de Engenharia de Alimentos da Unisinos é reconhecido, pelo terceiro ano consecutivo, como o melhor curso de Engenharia de Alimentos do Brasil, dentre as universidades não estatais.
A coordenadora do curso, Janice da Silva, atribui a excelência a diversos fatores. “A nossa proposta pedagógica promove uma inserção científica dentro da sala de aula. Desenvolvemos projetos dentro das atividades acadêmicas do curso. Isso é um diferencial. Dentro da meta da Unisinos, de ser uma universidade global de pesquisa, o curso se destaca em sua atuação”, pontua. Além disso, infraestrutura, projetos de pesquisa e parcerias com empresas – muitas delas, de egressos – são pontos de destaque. “Todos esses fatores contribuem com uma formação acadêmica de qualidade”, avalia.