A cerimônia de abertura do 5º Fórum Brasil Coreia, na noite de quarta-feira (12/8) na Unisinos, teve inovação – seu mote principal em relação à tecnologia – até no discurso. Pela primeira vez, segundo disse, o embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Jeong-gwan Lee, pronunciou-se em português. E o fez tão bem, ao ler suas palavras, que ao final arrancou sonoros e demorados aplausos da plateia que lotou o Anfiteatro Padre Werner, no campus da Unisinos, em São Leopoldo.
No país há cerca de três meses, Lee disse que há inúmeras áreas a serem exploradas por Brasil e Coreia, cujas capacidades são distintas e complementares. O reitor da Unisinos, padre Marcelo Fernandes de Aquino, que falou a seguir, brincou: “O embaixador fala muito melhor português do que nós falamos coreano”. O reitor defendeu a reafirmação de valores republicanos e democráticos pelo Brasil como a “grande oportunidade do momento”. Pregou o compromisso com a transparência, repulsa à corrupção e a inclusão das pessoas à vida digna.
O presidente da Korea Foundation for Advanced Studies (KFAS), Inkook Park, ressaltou a importância do avanço tecnológico na superação de problemas enfrentados pelas nações. Conforme ele, o Brasil conseguirá desenvolver-se cada vez mais de forma sustentável e terá crescente influência global. O coordenador do 5º Fórum Brasil Coreia, professor Rodrigo da Rosa Righi, destacou a presença de visitantes estrangeiros, além dos coreanos. Entre eles, representantes dos Estados Unidos, Índia e Alemanha e dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Roraima.
Painéis abordam Medical Valley e Internet do futuro
Durante o Painel 1 da primeira noite do Fórum Brasil Coreia, sobre Tecnologias Avançadas para a Saúde, o representante do Central Institute of Healthcare Engineering (ZiMT), Tobias Zobel, discorreu a respeito do Medical Valley, de Erlangen (Alemanha). Trata-se de um cluster de tecnologia para a saúde, que envolve dezenas de hospitais e cerca de 500 companhias em um raio de 15 quilômetros, empregando 45 mil profissionais.
Zobel disse ver condições reais de criar um cluster semelhante no Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul, a partir da parceria com a Unisinos. O processo de internacionalização do Medical Valley também contempla Estados Unidos (Boston) e China. Entre os benefícios da iniciativa de avanço tecnológico estão a elevação da qualidade dos tratamentos médicos e a redução de custos.
A médica gaúcha, radicada em São Paulo, Walesca Santos apresentou a Feira Hospitalar, que lidera há 23 edições e só está atrás da Medica, de Düsseldorf, na Alemanha, em negócios com produtos, equipamentos, serviços, tecnologia para hospitais, laboratórios, farmácias etc. Na edição deste ano abrigou 1.250 expositores, 33 países e 96 mil visitantes.
O professor convidado do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Unisinos e presidente da Comissão Científica do CISS/Hospitalar, Fabio Leite Gastal, observou que o Brasil vem fazendo a transição da economia industrial para a economia do conhecimento e que o Rio Grande do Sul, por ter alguns dos melhores hospitais do país, coloca-se em posição privilegiada quando a saúde é vista como estratégia econômica.
No Painel 2, sobre a Internet do Futuro e o Impacto nos Hospitais, Dhananjay Singh, da Hankuk University, disse que há pesquisadores trabalhando para uma nova arquitetura da rede em diferentes continentes. Prevê-se que em 2020 haverá 75 bilhões de dispositivos conectados. Antonio Alberti, da Inatel, observou que uma corrente de pesquisadores quer avançar em cima do que se tem hoje e outra é mais afeita ao conceito de clean slate, começar de novo, com uma nova abordagem, ao qual se filia o projeto NovaGenesis, da Inatel.
Palestras começaram à tarde
O primeiro dia do 5º Fórum Brasil Coreia começou na tarde de quarta-feira, com a palestra da professora a Escola Politécnica da Unisinos, Marta Becker Villamil, “Métodos de visualização para a saúde”. Ela está há cinco anos pesquisando um protótipo de articulação temporomandibular (ATM), uma das articulações mais complexas e importantes do corpo humano. O objetivo é possibilitar à mandíbula a capacidade de executar vários tipos de movimentos, como mastigação, fala, deglutição, ou simplesmente abrir e fechar a boca. “O novo na pesquisa é o movimento nesses modelos”, explicou.
A segunda palestra, “Monitoramento global de saúde”, foi proferida pelo indiano Dhananjay Singh, professor no Departamento de Engenharia Eletrônica da Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros, de Seul. Ele vem trabalhando na arquitetura do futuro da Internet.
O professor Daeyoung Kim explicou seu trabalho no renomado Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia (Kaist), a porta de entrada para tecnologia e inovação na Coreia do Sul nas últimas quatro décadas. Ele é diretor do Auto-ID Lab na Coreia do Sul. A ideia do Auto-ID Lab é desenvolver a Internet das Coisas em termos de padronização de modo a expandi-la.
O palestrante Hyouk Lee, diretor da Flexscom – máquina de semicondutores flexíveis, falou sobre “Eletrônica flexível aplicada à medicina”. As pesquisas de semicondutores flexíveis ainda estão no começo. Na Coreia do Sul está sendo desenvolvido um chip flexível para um sensor de raio x dentário.
A última palestra da tarde ficou a cargo do dr. Luciano Eifler, coordenador do Programa Telemedicina do Sistema de Saúde Mãe de Deus, de Porto Alegre. O tema foi Telemedicina, que é definida como o uso da tecnologia da informação aplicada à saúde.
Nesta quinta-feira, 13, continuam durante a tarde e à noite as palestras e painéis do 5º Fórum Brasil Coreia, no Anfiteatro Padre Werner. O Fórum é um evento institucional da Escola Politécnica Unisinos.