Quanto tempo um projeto social precisa para impactar a vida de alguém? Denner Almeida, 24 anos,entrou para o Programa Esporte Integral – PEI aos 6 anos. Já Lucas da Silva, 23 anos, participou do PEI dos 10 aos 12. Hoje, os dois cursam Educação Física na Unisinos, e sabe o que eles têm em comum? Um sentimento de gratidão.
“Quando iniciei a graduação, procurei o programa com a vontade de fazer algum trabalho voluntário e que de alguma forma pudesse retribuir um pouco do que o PEI fez por mim e minha vida”, conta Lucas. E foi assim que o menino, levado ao programa pela mãe aos 10 anos, agora faz estágio no PEI e busca mostrar para outras pessoas a importância que o programa teve na vida dele.
Lucas também destaca a oportunidade que as crianças e adolescentes têm de frequentar um ambiente universitário. “Educação Física é a forma de atuação do PEI. É encontrar uma maneira de incluir aquele que não tem a mesma oportunidade que o outro, independente da situação econômica. É incluir com o esporte, com a dança, praticando a inclusão e impactando a vida de alguém com o trabalho desenvolvido”, completa.
Para Denner, o PEI busca a socialização das crianças possibilitando a prática do esporte dentro de uma universidade, sendo valorizados e oportunizando conhecer lugares novos. “Eu participei até os 18 anos, praticava esporte e dança com o Baturidança. Depois passei a participar aos sábados, como voluntário, até completar 21 anos. E, por último, fiz estágio e nunca perdi o vínculo com o programa”, diz.
Ele conta que foi com o PEI que entendeu o que queria seguir na vida e também descobriu uma grande identificação com a dança. “Foi onde despertou a vontade de ser professor de Educação Física. Foi de onde tirei minhas referências. Hoje eu estou dando aula de futebol, coisa que eu nem gostava de jogar. E também ensino hóquei, algo que aprendi no programa. Saí com uma bagagem muito grande. Posso dizer que saí um professor”, afirma.
O coordenador do PEI, Augusto Dotto, destaca que um dos objetivos é oferecer um espaço seguro de esporte e lazer. E mostrar um lugar de cidadania, onde eles tenham voz e possam participar das decisões. “Trabalhamos muito a ideia de que somos todos iguais. Buscamos sempre que os adolescentes sejam a grande referência para os pequenos. E acredito que, no caso do Lucas e do Denner, é isso que eles representam. Pela proximidade, pela história deles no PEI, possuem um vínculo diferente com os mais jovens”, ressalta.
Lucas conta que o programa tem influência direta na escolha de sua carreira. E que abriu sua visão profissional. “O PEI é responsável pela minha escolha em cursar Educação Física. Foi em função do programa que eu escolhi a profissão para a minha vida. E agora escolhi trabalhar com crianças e com algo voltado para o social. Quero impactar a vida de uma criança, como o PEI impactou a minha”, destaca.
Para Denner, é difícil achar uma forma de retribuir tudo que aprendeu. Ele conta que, quando era pequeno, sempre teve dificuldade em se relacionar com as crianças. E que a forma como foi tratado pelos professores do programa fez muita diferença. “Eu só desejo que todo mundo que venha, que chegue ao PEI, possa usufruir de tudo que eu pude ou até mais”, conclui.
Reconhecimento
Em 2016, o PEI recebeu o prêmio Top Cidadania, promovido pela ABRH-RS, integrante do Sistema Nacional ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos). O programa conquistou o reconhecimento na categoria Organização. A premiação é concedida a empresas e instituições sem fins lucrativos que desenvolvem projetos de investimento social voltados à comunidade.
Augusto ressalta a importância da categoria em que o programa foi premiado, por avaliar a qualidade do trabalho desenvolvido. “O prêmio foi um bom indicativo de que estamos no caminho certo. Foi um olhar externo, mais técnico e qualificado. Acreditamos muito que para oferecer um programa de qualidade, é preciso ter uma gestão com qualidade também”, completa o coordenador do PEI.
Uma oportunidade
O Programa Esporte Integral – PEI é um serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, que atende crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, moradores de São Leopoldo. O programa busca prevenir situações de risco e vulnerabilidade investindo no fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
“A maioria é de crianças e adolescentes que moram em zonas de risco, de violência e estudantes de escola pública. O nosso grande desafio é chegar aos locais que necessitam de política de esporte e lazer. Estar nesses lugares é a garantia de que estamos atendendo um público que precisa”, explica o coordenador, Augusto Dotto.
Criado em 1988, o PEI oferece atividades no Complexo de Esporte e Lazer da Unisinos, na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) e na Associação de Moradores do Bairro Feitoria Seller. Os alunos praticam hóquei sobre grama, futebol e atletismo. O programa também conta com um grupo de percussão, o Baturidança.