Na quarta-feira, 28 de setembro, aconteceu o 1º Colóquio Humanidades. Com iniciativa do decano Adriano Naves de Brito, o evento ocorreu no Auditório Central, campus São Leopoldo.
Durante o evento, a Escola de Humanidades debateu, numa perspectiva transdisciplinar, temas relevantes para a área, seus novos desafios e sua importância no campo de conhecimentos no cenário contemporâneo.
À tarde, ocorreu o primeiro painel, que abordou os novos desafios para as Humanidades. “Encarar este tema, por si só, já é um desafio. As humanidades, as ciências humanas e ciências sociais já têm uma grande história e ainda percorrerão as próximas décadas”, afirmou o filósofo Rodolfo Gaeta, da Universidade de Buenos Aires. Gatea destacou que a área das humanidades abrange a filosofia, as artes, as linguagens e a história, assim como a jurisprudência e a religião comparada.
“A área das humanidades existe para, e tem que, tentar ajudar o universo prático das pessoas. As humanidades adquirem legitimidade na medida que constatamos a complexidade do mundo social em que vivemos”, afirmou o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Carlos Gadea.
A professora do Programa de Pós-Graduação de História Marluza Harres também participou do painel, discutindo os novos desafios das humanidades.
O público, em sua maioria alunos da Escola de Humanidades, contou com a presença do embaixador aposentado Claudio Lyra.
Formação de professores e gestão escolar
À noite, o colóquio continuou e contou com a participação do reitor da Universidade, padre Marcelo Fernandes de Aquino, que destacou a importância das licenciaturas na construção da identidade institucional. “Os jesuítas têm uma longa tradição na formação de professores”, disse. “Hoje, reafirmo esse compromisso ao lembrar que a Unisinos não fechou nem um curso sequer e que, apesar de qualquer adversidade, não abrirá mão das licenciaturas.” O decano da Escola de Humanidades, Adriano Naves de Brito, complementou a fala destacando a necessidade de olharmos com seriedade para a formação docente.
Para compor a mesa redonda, foram chamados o professor de Matemática do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae), de Goiás, Fernando Pereira dos Santos, e a professora do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação da Unisinos Flávia Werle.
Fernando, que está há 38 anos no magistério, disse que nunca pensou em ser professor. Em sua participação no colóquio, compartilhou um pouco de sua trajetória profissional e apresentou dados sobre a educação no país, com atenção especial ao Ensino Médio. “O Ensino Médio é o grande problema brasileiro. À medida que o tempo passa, parece que o aluno vai aprendendo menos. Pior: além de não aprender, o aluno agora está abandonando a escola; é a chamada geração nem nem, que nem estuda nem trabalha”, afirmou.
O convidado também falou sobre o Plano Nacional de Educação (2014/2024), que determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional dentro de um período de dez anos. Já em vigor, o plano, de acordo com Fernando, não tem alcançado os resultados esperados: “Só para termos uma ideia, um quarto dos professores brasileiros ainda não possui formação superior, e isso é muito, está longe da realidade que queremos”.
Por fim, Fernando comentou sobre o tempo em que foi superintendente de educação e sobre as medidas adotadas nessa época para elevar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de Goiás. Entre elas, a obrigatoriedade de as escolas do estado divulgarem seus desempenhos na avaliação.
Na sequência, a professora Flávia reforçou que a formação docente é um problema social de todas as áreas de conhecimento, e não apenas dos professores e dos estudantes das licenciaturas. “Podemos ensaiar estratégias importantes para superar esse problema que não é de hoje, se arrasta há muito, mas só agora parece que começamos a ouvir as estatísticas. A questão da escola ainda não é abraçada pela sociedade brasileira”, destacou.
Após as falas, foi aberto um espaço para perguntas e debates.