Eliane Bereta é acadêmica do curso de Direito. Estudante do 4º semestre, desde o primeiro associa os ensinamentos teóricos com a prática jurídica. Incentivada pelos professores, participou de diversas oficinas oferecidas pelo Programa de Práticas Sociojurídicas da Universidade (Prasjur). Logo, também buscou a Iniciação Científica, uma coisa foi ‘puxando a outra’ e surgiram oportunidades para atuar dentro do projeto.
Ela foi estagiária do programa desde o segundo semestre de 2018 e, atualmente, faz monitoria no projeto. Para Eliane, é importante ter experiência desde o início do curso para poder escolher melhor seu ramo de atuação, conhecendo diferentes áreas do Direito. “Dentro do Prasjur, por exemplo, eu já passei pelo atendimento na porta, parte interna, e agora estou na monitoria, em uma experiência mais próxima com os professores. Também atuo na Justiça Federal de Novo Hamburgo, em uma parceria da Unisinos com o órgão. Essa união é importante para colocar a teoria em prática e ir aprimorando nossa atuação”, salienta.
A estudante se emociona ao falar do projeto que, por ser uma espécie de defensoria pública, atende pessoas com renda de até três salários mínimos em uma situação de vulnerabilidade social e financeira. “Aqui convivemos com realidades que talvez não teríamos acesso dentro de um escritório”, comenta. Para Eliane, o crescimento pessoal trazido pela atuação no projeto é imensurável, além de acarretar um inevitável envolvimento emocional com os casos.
“Não há como passar pelo corredor, ver alguém precisando de ajuda e não fazer o máximo para atender às necessidades daquela pessoa”, pontua. O trabalho desenvolvido no Prasjur é de prática e humanização para os alunos e, também, de retorno para a população de São Leopoldo. Os usuários do projeto podem contar com uma assessoria jurídica orientada por professores de diversas áreas do Direito, além de dispor de um serviço multidisciplinar, com a participação de estudantes e professores da Psicologia e do Serviço Social.
Um dos aprendizados de Eliane, foi perceber que com a orientação correta podemos ajudar muito na resolução de conflitos. “Eu acredito no lado social do Direito. Eu me envolvo, pois eu adoro fazer o que faço. Sinto-me realizada”, comenta, completando que o Direito proporciona uma visão mais cuidadosa para a vida, seja em pequenas ou grandes questões.
O projeto
O Prasjur surgiu de uma demanda dos alunos de Direito da Unisinos em 1979. Os estudantes queriam um espaço para iniciar a prática jurídica e, percebendo a necessidade da comunidade, criaram um serviço de atendimento gratuito. Em 1980, a Universidade encampou a iniciativa dentro das suas ações sociais. Em 1999, a Assistência Judiciária Gratuita foi transformada em Núcleo de Prática Jurídica. Desde 2003, o espaço se tornou o local de estágio obrigatório dos cursos de Direito, Serviço Social e Psicologia. Os alunos atendem diretamente a comunidade, supervisionados por professores.
Para Maria Alice Rodrigues, coordenadora do projeto, a experiência dentro do Prasjur é o momento em que o aluno está diante de casos reais, precisa fazer um diagnóstico e colocar em prática os seus conhecimentos teóricos. “Eles se deparam com uma realidade de vulnerabilidade social e econômica que, até então, não tinham contato. Isso colabora para ampliar suas visões de mundo, possibilitando uma formação humanística. Eles precisam verificar de que modo o Direito pode contribuir para a mudança da situação na qual essas pessoas vivem”, explica. Em 2018, 711 estudantes participaram do projeto, desses, 576, alunos do curso de Direito, realizaram estágio obrigatório no Prasjur.