Oportunidade de recomeçar suas vidas

Alunos da Administração - Gestão para Inovação e Liderança (GIL) criam iniciativas para melhorar a qualidade de vida dos refugiados venezuelanos

Crédito: Lorenzo Panassolo

“Minha situação em Roraima foi difícil. Nós não esperávamos que a Venezuela chegasse a uma inflação tão grande e se destruísse tão rápido, fazendo com que a gente migrasse para outro país. Ficamos cinco dias em Pacaraima, dormindo em papelões no chão, dois dias e meio sem comer… é difícil, duro. Você se sente sozinho, destruído, com saudades da família, pois não existe algo mais precioso do que eles”, afirmou o refugiado venezuelano, Miguel Patacón.

Leia o relato acima e imagine ir embora da sua casa imediatamente, deixando para trás seus familiares, heranças, fotos de momentos inesquecíveis e tudo o que lutou muito para conquistar. Foi isso o que ocorreu com 221 refugiados venezuelanos. Eles deixaram tudo para trás e vieram para o Brasil, em busca de uma oportunidade para recomeçar suas histórias.

Engajados em conhecer essas pessoas e suas respectivas narrativas, nossos alunos do curso de Administração – Gestão para Inovação e Liderança (GIL) decidiram desenvolver iniciativas que buscam melhorar a qualidade de vida dos refugiados que estão no Rio Grande do Sul. Conhecido como Projeto GIL DO BEM, a iniciativa tem parceria com a Prefeitura Municipal de Esteio, e abrangerá os estudantes da turma Programa de Aprendizagem 2 – Fundamentos de Gestão em São Leopoldo (PA2 SL).

“Desenvolver um trabalho com uma comunidade que necessita de ajuda agora é muito gratificante, principalmente sabendo que podemos mudar a situação na qual eles se encontram. Eu já tinha uma mínima noção do que estava acontecendo na Venezuela e também no processo de interiorização deles no Brasil, mas, quando ouvi as histórias que cada um contou, pude perceber que a crise era maior que a política ou econômica, era crise social, tanto aqui quanto lá”, afirmou o estudante do GIL, Tobias Prunzel.

De acordo com a coordenadora do PA2 SL, Cristina Schneider, essa iniciativa é um projeto transdisciplinar que une os conhecimentos e experiências de diferentes áreas, a fim de construir percepções mais amplas e ricas para as situações apresentadas para os alunos. Nesse caso, a inserção de venezuelanos no contexto brasileiro, exercitando a inter-relação entre os universitários e a comunidade.

Projetos e iniciativas que mudam vidas

O idealizador do projeto, Alexandre Viegas – professor do GIL e Secretário Municipal de Administração na Prefeitura de Esteio, contou da grande oportunidade de aproximar nossos alunos com a nova realidade dos venezuelanos. Dessa forma, ele apresentou a ideia para os estudantes, que aceitaram e abraçaram a causa.

“Espera-se agregar competências sociais nos alunos. Gerar empatia enquanto pessoas. Ter uma visão global de diferentes realidades sociais e econômicas. Fazer que os futuros profissionais possam contribuir para gerar transformações sociais e inclusivas nos diferentes ambientes que eles estarão interagindo. E, principalmente, formar pessoas que se preocupam com o que está acontecendo na sociedade e que sejam agentes de transformações”, afirmou Alexandre.

Os encontros: histórias, emoções e sorrisos

Um bate-papo para a compreensão do que tinha acontecido com os venezuelanos antes deles chegarem no Rio Grande do Sul: em 4 de outubro, dia do primeiro encontro na Universidade, os alunos conheceram as ações realizadas pela Prefeitura Municipal de Esteio para trazer os refugiados até a cidade do Vale do Rio dos Sinos.

Estudantes e professores do GIL receberam os venezuelanos, Johanna Carolina Villarreal Salazar, Miguel Adrian Sanchez Patacón e Jose Alberto Marcano Marcano, além da Secretária de Cidadania e Desenvolvimento Social de Esteio, Tatiana Tanara, e a Coordenadora de Gabinete da Secretária, Jeanine Godoi.

“A vinda dos venezuelanos para o Brasil faz parte do projeto chamado de Operação Acolhida, que é coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento Social em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiado (ACNUR), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). As estratégias para receber os refugiados envolveram lideranças das Forças Armadas, Casa Civil, Ministério do Trabalho, da Saúde, de Segurança e dos Direitos Humanos”, afirmou Tatiana.

De acordo com o professor Alexandre, os alunos do GIL estão tendo uma oportunidade única e pioneira por estarem em contato com a realidade dos venezuelanos e as práticas públicas que estão gerenciando a inserção desta população na sociedade brasileira. No final do encontro, os presentes se emocionaram com a parceria que trará muitos sorrisos e alegrias para todos os envolvidos.

Crédito: Lorenzo Panassolo

Em 18 de outubro, os alunos conheceram as moradias dos venezuelanos em Esteio. Lá, eles conversaram com os outros refugiados, a fim de aprofundar ainda mais suas compreensões sobre a situação na qual eles estavam aqui no Brasil, além de peculiaridades da cultura venezuelana, como as comidas tradicionais e seus espaços de convivência.

“Quando mudei para Esteio, minha vida mudou. A diferença são muitas, como por exemplo, o povo gaúcho são excelentes pessoas, tratáveis, nos receberam com amor e muito carinho. Estou agradecido por estar aqui, por todos que estão participando e nos ajudando. Eu não tenho palavras para descrever o sentimento em relação a ajuda que estamos recebendo, tudo isso é um presente para mim”, afirmou Victor.

Próximos passos

No dia 6 de dezembro, os alunos apresentarão suas ideias. Segundo Alexandre Viegas, estão sendo elaboradas diversas iniciativas, como por exemplo:

  • Site: banco de talentos dos venezuelanos e imigrantes para empresas acessarem;
  • Campanha Social para vestuário masculino;
  • Ação natalina para as crianças com Curso de Engenharia de Produção e Gestão da Produção Industrial;
  • Diagnóstico de competências sociais dos servidores municipais.

Fique atento para o desdobramento dessa história!

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