A história da fotografia está diretamente relacionada ao ponto de vista de uma janela. Foi a partir dela que, em 1826, o Niepce fez a primeira fotografia da história. 8 horas de exposição, ali, desde o ponto de vista da janela da casa dele no interior da França!
Muito além da fotografia, ao longo de toda história da arte, a janela como ponto de vista é um motivo recorrente entre os pintores, retratistas, cineastas e artistas visuais de uma maneira geral. Da Menina na Janela, do Salvador Dalí, à Janela Indiscreta, do Hitchcock.
Um lugar que passa a ser ressignificado por diferentes artistas contemporâneos ao redor do mundo em tempos de Covid-19. Nos dias de hoje, a janela passa a representar a fronteira e o abismo entre o mundo exterior e o interior. A liberdade e o confinamento.
O ensaio foi concebido pelo fotógrafo Bruno Alencastro a partir de seu apartamento, no Rio de Janeiro e contou com o trabalho coletivo de profissionais, entre eles, egressos da graduação em Fotografia e Jornalismo da Universidade. “Como fotógrafo, eu também queria fazer o meu ensaio durante a quarentena, mas nenhuma ideia me parecia original. E foi nesse momento de pausa, em que a gente tem recorrido ao passado em busca de respostas para quando tudo isso passar, que eu tive um estalo: o princípio da camera obscura! Ou seja: uma caixa ou uma sala completamente escura e com uma pequena entrada de luz projeta, na parte oposta a essa abertura, uma imagem invertida da cena externa”, explica Alencastro.
Na impossibilidade de produzir outras imagens confinado, Alencastro convidou outros fotógrafos que aceitaram transformar suas casas em câmeras obscuras de grande formato e capturaram a vida em tempos da pandemia. Cada qual com a sua singularidade. Conquistas e perdas. Anseios e privilégios. Medos e esperanças.
O contato entre os fotógrafos ocorreu a partir de videochamadas e conversas pelo WhatsApp. “Fui dando dicas para eles de como chegar ao melhor resultado técnico e também do que eu gostaria que cada fotografia retratasse. Um deles estava de aniversário, então sugeri que ele segurasse uma vela para simbolizar essa situação inédita na sua vida: passar um aniversário sozinho”, conta Alencastro.
O projeto, que ganhou destaque em diversos veículos de comunicação do mundo, iniciou com um grupo de 13 fotógrafos de diversos cidades do país: Ursula Jahn, Leonardo Savaris, Rodrigo W. Blum, Ricardo Wolffenbutel, Pedro Rocha, Guilherme Santos, Josué Braun, Felipe Martini, Eduardo Seidl, Beatriz Grieco, Caroline Muller, Eveline Medeiros e Bruno Alencastro.