A estudante de Medicina, Débora Gontow, em parceria com o Laboratório de Estudos em Saúde Integrativa da Unisinos – Labesi, desenvolveu dois trabalhos de pesquisa que contemplam as Medicinas Tradicionais Complementares e Integrativas – MTCI e sua associação com o aprimoramento das práticas terapêuticas.
O primeiro deles discorre sobre a Medicina Antroposófica – MA e as suas contribuições no processo de empoderamento e co-criação da saúde da mulher. “A MA é uma das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) ofertadas no âmbito da saúde pública brasileira, e propõe ferramentas que atinjam as mulheres em todas as fases do seu ciclo de vida, honrando a sua autonomia e singularidade”, explica Débora.
A futura médica conta que o segundo trabalho se trata sobre o ensino das PICS nas faculdades de Medicina do Rio Grande do Sul e as fragilidades da educação médica, quanto a perspectiva da Medicina Integrativa, considerando as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de Graduação em Medicina.
As duas ideias surgiram a partir da inserção da estudante no LABESI, alinhadas ao seu interesse pessoal no campo da saúde da mulher e da educação médica. “Em 2018, eu passei a acompanhar o trabalho da professora Rosália Figueiró, tendo a oportunidade de aprofundar os meus estudos a respeito das PICS e a sua intersecção com a prática clínica. A iniciação científica me deu o amparo necessário para explorar os temas que estavam me despertando a curiosidade, a partir das minhas experiências teórico-práticas da formação acadêmica”, afirma a estudante.
Débora explica que o desenvolvimento e expansão da ciência implicou, no campo da saúde, numa visão fragmentada sobre os indivíduos e, consequentemente, do ato de assistir e cuidar dos mesmos. “A Medicina Integrativa resgata a centralização do processo terapêutico no sujeito e restaura o foco na saúde e não somente na doença. Nesse sentido, é fundamental que o processo formativo dos cursos de Medicina, assim como outros cursos da área da saúde, também contribua com a capacitação dos seus alunos diante da discussão sobre novas abordagens terapêuticas, a fim de promover um vínculo colaborativo entre a Medicina Integrativa e a Medicina Alopática, vislumbrando a verdadeira transformação das nossas práticas sociais”, completa.
A professora do Mestrado Profissional em Enfermagem e coordenadora do Labesi, Rosália Figueiró, conta que ter uma aluna desenvolvendo trabalhos de pesquisa dessa importância significa estar em um caminho promissor. “O aluno ao ingressar no mundo da iniciação científica é empoderado para um exercício reflexivo da importância da pesquisa e da produção do conhecimento. Gerar evidencias, transitar nos espaços e atividades cientificas são elementos que o preparam para transformações significativas da sua formação acadêmica, potencializa seu olhar e prática profissional”.
Rosália diz ter ficado muito feliz em ver o resultado, fruto de muita dedicação e empenho da aluna. “Ressalto ainda que a pesquisa na perspectiva da Medicina integrativa desenvolvida pela aluna, focaliza-se no cuidado integral. Envolve novos horizontes quanto a abordagens terapêuticas que podem ser utilizadas nos processos assistenciais da Medicina, bem como propõe um novo modelo de saúde que valoriza as múltiplas dimensões que constituem o humano”, conclui a coordenadora.