Uma ajuda profissional é sempre bem-vinda ao percorrer o caminho do empreendedorismo (já falamos sobre isso aqui). Alguns percalços, porém, podem ser evitados pela simples e atenta observação das trajetórias dos pares. Em outras palavras, prestar atenção às falhas dos outros e, sobretudo, aos ensinamentos que elas proporcionam pode poupar os empreendedores de uma tragédia anunciada.
E é para compartilhar esse conhecimento de causa que reunimos, a seguir, dicas de três empresas que participam da Semana do Empreendedorismo e da Inovação Unisinos: RH Connect, SS Auto Design e Urbex. Elas comentam sobre aquilo que consideram erros frequentes no momento de transformar uma ideia em negócio e contam como lidar com essas situações. Confira:
Não resolver um problema
Para ter solução, precisa ter problema. Colocando nesses termos, parece óbvio, não é? No entanto, quando surge a ideia de um milhão de dólares, aquela que vai mudar o mundo como nós o conhecemos – ou assim você espera –, o que é óbvio corre o risco de se dissipar no ar. Sem atender à uma necessidade real, as chances de o produto ou serviço vingar são pequenas.
Palavra de quem já passou por essa situação: “Não seguimos a cartilha que diz ‘encontra um problema e tenta resolver’, desenvolvemos uma solução que não resolvia um problema de fato. Resultado: não encontramos aderência no mercado”, relata Diego Schiochet (RH Connect), lembrando do que aprendeu ao falhar em sua primeira empresa (a RH Connect é a segunda).
Diego mesmo dá a dica: “Sempre procure identificar um problema que mereça ser resolvido, que valha o esforço”. O sócio, Bruno de Oliveira, complementa: “O importante é conseguir perceber um problema que cause dor nas pessoas ou nas empresas, uma dor que precise ser tratada”.
Dar pouca atenção à formação da equipe
Tão importante quanto o produto são as pessoas que o desenvolvem. Não dar a devida atenção à formação da equipe, portanto, pode ser um erro.
Bruno (RH Connect) fala mais sobre isso: “Uma ideia pode surgir em qualquer lugar, e é comum que as equipes sejam formadas no calor do momento, em uma mesa de bar. As pessoas acham que, por serem amigas, está tudo resolvido, pelo menos até perceberem que precisam de alguém com conhecimentos técnicos específicos”.
Na hora de decidir com quem trabalhar, considere quais qualidades são imprescindíveis para seu produto ou serviço e lembre-se de ponderar a relação intimidade versus competência.
Pular a fase de validação
O que funciona para o desenvolvedor talvez não funcione para o público. Às vezes até pela ansiedade de ver a solução na rua, o empreendedor negligencia etapas importantes para o negócio. “Tem gente que, quando vê um produto ainda construção, vê como algo mal feito, que não merece ser usado”, afirma Neomar Bassani (Urbex).
Antes de abrir para o grande público, então, teste a aceitação do produto em um grupo menor. “Validar a ideia em um nicho fechado, inicialmente, pode ajudar”, aconselha Neomar. “Ofereça a solução para um número limitado de usuários, diga que está em fase de testes e que toda e qualquer contribuição será bem-vinda. Isso te dará melhores feedbacks e será mais fácil de controlar do que se for direto para o mercado.”
Achar que é fácil
Essa é a rainha das ilusões no empreendedorismo. A máxima ”vou abrir um negócio para ser meu próprio chefe, não bater cartão nunca mais e tirar férias quando quiser” até motiva, mas não garante o futuro esperado. Pelo contrário, acreditar demais nela pode até aumentar as chances de desapontamento.
“Tem que ter ciência de que é difícil, mas não é impossível”, encoraja Silvia Costa (SS Auto Design). “Tem que dar um passo a cada dia, todos os dias, e sempre persistir. Fazer as coisas de maneiras diferentes até elas darem certo.”
Um detalhe importante: as dicas estão aí para ajudar, não para ditar ou limitar ações. Lembre-se que o medo de errar também paralisa. Vá e faça. Se o erro vier, aprenda com ele e siga em frente.